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Carlos Alberto Castelo Branco

1947 - 2020

De alma intensa, ele foi um Papai Noel que torceu pelo Ceará, Flamengo e Beija-Flor. Transbordava amor.

Bebeto era o amor em forma de gente; tinha sempre um colo pronto para oferecer aos filhos: Kátia, Juscelino, Carlinhos e Katucha, que mesmo adultos nunca deixaram de ser “suas crianças”.

Sua marca registrada era um carinhoso beijo na testa, uma verdadeira bênção de proteção em forma de gesto de afeto.

Casou-se com Raimunda aos 19 anos, ambos muito jovens. Permaneceram juntos e unidos para sempre, assim como prometeram no altar.

Optometrista de profissão, autodidata, dono de uma inteligência incrível, não havia nada que não pudesse aprender.

Tinha alma de artista, era teatral. Na época do Natal, deixava a barba branca crescer e ia, feliz da vida, trabalhar vestido de Papai Noel. E quando chegava o Carnaval, desfilava pelas ruas de Fortaleza com seu chapéu de boi.

Mesmo em dias comuns tinha gosto apurado e peculiar para se vestir, não gostava de passar desapercebido, chegando a ser parado por turistas que pediam para tirar uma foto daquele homem alegre e seu inusitado figurino.

Não havia “mais ou menos” para Bebeto, tudo era vivido com intensidade: política, religião ou o time do coração.

Seu exemplo de caráter e coração amoroso servirão sempre de guia para os filhos, que aprenderam com o pai a dizer “eu te amo” e a reverenciar a vida com a alegria daqueles que sempre fazem questão de oferecer o melhor de si.

Carlos nasceu em Fortaleza (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Carlos, Katucha Marques Castelo Branco. Este texto foi apurado e escrito por Ana Macarini, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 7 de junho de 2020.