Sobre o Inumeráveis

Carlos Alberto Pereira

1970 - 2021

Para esse habilidoso atacante de handebol todo mundo era "Amadinho" ou "Amadinha".

Conhecido como Breno, esse grande amigo era pura alegria. Seu pensamento rápido e perspicaz garantia comentários criativos e bem-humorados sempre.

Sua rotina era sinônimo de trabalho. Vivendo em Recife há vários anos, estava sempre inventando uma nova estratégia para produção e venda de alimentos, setor ao qual se dedicava profissionalmente. Tomava decisões em busca de sucesso em seus empreendimentos; "E ai de quem não seguisse suas determinações para o funcionamento do trabalho projetado!", comentam os amigos, Paulo e Wedna.

"Amadinha! Amadinho!"... era assim que ele cumprimentava todas as pessoas com quem se encontrasse. E, se por acaso, avistasse alguém - mesmo que fosse de longe, em via pública -, gritava “Amadinha!”. Fazia isso com a mesma força e determinação com que atirava para o gol do adversário, nos jogos de handebol nos anos de 1980, em Limoeiro, pequena cidade do estado pernambucano. Opositores não ousavam ficar diante dele quando estava com a bola nas mãos em direção ao ataque.

"Éramos amigos já tinha 30 anos. Eu não era sua amiga mais próxima; não era sua confidente sistemática. Com ele projetei o primeiro cardápio do restaurante que pretendia montar em Nazaré da Mata, que fica em Pernambuco. E, claro que o "meu cardápio" ficou só no projeto. Ele fazia do jeito dele! E era assim que devia ser. Com ele aprendi a fazer cuscuz. Apesar de gostar de cozinha e apreciar a iguaria ser típica do nordeste, quando tentava fazê-la nunca conseguia o ponto certo da mas; até que ele compartilhou dicas valiosas comigo, aí meu cuscuz ficou perfeito!, relembra Wedna.

Depois de sua partida os amigos se deram conta de algo que ainda não haviam percebido: Breno era senhor de vários mundos. Cultivou ao longo de sua vida uma rede de amizades, como se fosse uma rede de pescadores mesmo. Cada ponto de sua rede sustentava relações e reunia pessoas específicas. Alguns pontos dessa rede estabeleciam contatos e relações com outros pontos. Ainda que esses pontos estivessem completamente distantes de outros, era Breno quem sustentava toda esta enorme tecitura de relacionamentos.

Carlos nasceu em Limoeiro (PE) e faleceu em Recife (PE), aos 50 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelos amigos de Carlos, Paulo Jose Buregio de Lima Junior e Wedna Cristina Marinho Galindo. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso, editado por Ana Macarini, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 8 de junho de 2022.