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Carlos Vidal

1936 - 2020

Vaqueiro destemido de histórias em cordel.

Carlos, aos 80 anos, virou cordel, pelo poeta Jorge Filó, de Sertão do Pajeú (PE).

Cordel Carlos Vidal

Esse cordel que inicia
Vai reviver a memória
Buscar em versos fazer
Um resgate da história
Contando um pouco do muito
Que foi sua trajetória.

No ano de trinta e seis
No Rio Grande do Norte
Na cidade de Santo Antônio
Salto da Onça, por sorte
Carlos Vidal, o vaqueiro
Nasceu para ser um forte.

Na década de cinquenta
Recife torna-se o lar
Aporta nesta cidade
Onde veio estudar
E ainda muito jovem
Começou a trabalhar.

Foi no Banco da lavoura
Onde trabalhou primeiro
Depois foi na Pan América
Frota de avião cargueiro
Mas seu destino era
E sempre foi, ser vaqueiro.

Abraçou a profissão
Que lhe deu fama e vitória
Na cidade de Bezerros
Teve início sua história
Na Fazenda Ipiranga
Tem os seus dias de glória.

Bezerros assim se torna
Sua terra de adoção
Onde passaria a vida
Abraçando a profissão
E ser vaqueiro afamado
Foi a sua vocação.

Carlinhos da Ipiranga
Fica logo conhecido
Chamam também Gata Maga
O vaqueiro destemido
Ganhador de vaquejadas
Pra ser campeão, nascido.

Viajou todo Nordeste
Por onde participou
De inúmeras vaquejadas
A maioria ganhou
Sempre montando os cavalos
Que ele mesmo treinou.

Foram três mais afamados
Dos cavalos que corria
Teve Garoto e Sivuca
Palhaço, outra montaria
Os quais levava consigo
Pras vaquejadas que ia.

Treinava seus animais
Com paciência e destreza
Pra ser bom de vaquejada
Tem que ter muita firmeza
Vaqueiro é força no braço
E o cavalo é esperteza.

Por onde passou colheu
O fruto da amizade
Por ter um temperamento
De retidão e verdade
Sempre tratou os amigos
Com respeito e lealdade.

Na cidade de Bezerros
Onde reside hoje em dia
Foi quem idealizou
Pra sua alegria
As maiores vaquejadas
As festas de montaria.

No começo de noventa
Muda a cidade e o estado
Vai morar em Mato Grosso
Onde é comprador de gado
E Carlinhos do Açougue
Fica por lá afamado.

Numa grande vaquejada
Que Recife promoveu
Carlos Vidal ganhou oito
De dez troféus que correu
Ganhou tantos pela vida
Que uma camionete encheu.

Cinco filhos, quatro netos
Muita história pra contar
Chega aos oitenta anos
Um cidadão exemplar
Que fez do campo e do gado
Seu ganha pão e seu lar.

É certo homenagear
Aqueles que aqui estão
Ter a família a seu lado
Nesta grande ocasião
Carlos Vidal, o vaqueiro
O melhor da região.

Deu um passo malfadado
Quando foi caminhoneiro
E tratou com um trambique
Sem saber ser enganado
Pois o trato foi quebrado
Ao chegar no Maranhão
Foi pego na traição
E nem seis tiros lhe abateram
Nem boi nem bala venceram
O vaqueiro campeão."

Carlos nasceu em Santo Antônio Salto da Onça (RN) e faleceu em Caruaru (PE), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Carlos. Este tributo foi apurado por , editado por Mariana Coelho, revisado por Monelise Vilela e moderado por Rayane Urani em 31 de maio de 2020.