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Carmelita Medeiros Francelino

1947 - 2020

Nordestina faceira e perfumada, sorridente e de unhas sempre feitas, que fazia o melhor "din-din" da Paraíba.

Carmelita significa "pomar pequeno e bem cultivado", "pequeno jardim fértil" ou "pequena vinha divina". Não por acaso era este o nome dessa nordestina faceira, nascida na Paraíba, mais precisamente na cidade de Patos.

Carmelita foi de fato um "pomar pequeno e bem cultivado", pois de suas atitudes, palavras e ensinamentos só foram semeados, germinados e nascidos frutos de bondade e gentileza.

Carmelita foi "jardim fértil" quando deu à luz seus seis filhos a quem amou, dedicou cuidados materiais e afetivos, ouviu suas dificuldades, vibrou por suas conquistas e foi presente em seu desenvolvimento, dando a cada um o mesmo amor e atenção.

O jardim de Carmelita continuou sendo abençoado com seus frutos descendentes , dez netos e quatro bisnetos, todos acolhidos sob as asas dessa mulher extraordinária, valorosa e destemida.

E Carmelita foi definitivamente "vinha divina" porque ao lado do esposo Arlindo Francelino glorificou sua passagem pela Terra, construindo uma família abençoada e unida. Ambos tiveram sua vida abreviada pela Covid-19. Carmelita partiu oito dias antes de Arlindo. Os dois faleceram exatamente no mesmo dia em que nasceram, cumprindo um ciclo completo de vida por aqui.

Carmelita Medeiros, mulher de caráter e de sorriso fácil, sentimental ao extremo. Uma dona de casa, que passou todo conhecimento para as filhas e os netos, uma senhora que tinha prazer em fazer os seus "din-dins" — aqueles deliciosos doces geladinhos vendidos em saquinhos caprichosamente feitos e amarrados — há lugares desse imenso país que chamam essa iguaria brasileira de "chup-chup", "sacolé", "flau", "gelinho" e mais tantos outros variados sinônimos. Pois o neto Paulo Henrique garante que Carmelita fazia os melhores din-dins da comunidade, onde eram vendidos e faziam sucesso.

Carmelita deixou a imensa saudade de uma mulher de muita coragem e determinação, amada pelos filhos, netos e bisnetos. Do seu jeito simples tinha uma forma única e especial de amar cada um, segundo sua peculiaridade.

Linda Carmelita, está fazendo muita falta sua presença cheirosa, sempre impecavelmente limpa, com as unhas feitas e coloridas, com seus brincos combinando com a roupa. Vaidosa que só! Seus frutos seguem honrando sua história aqui na Terra, doce Carmelita. Descanse em paz. Sua missão foi cumprida com louvor.

A história do marido de Carmelita também está guardada neste memorial e você pode conhecê-la pesquisando por Arlindo Francelino.

Carmelita nasceu em Patos (PB) e faleceu em Santa Rita (PB), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado de Carmelita, Paulo Henrique Medeiros da Silva . Este tributo foi apurado por Ana Macarini, editado por , revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Ana Macarini em 24 de janeiro de 2021.