1945 - 2020
“É muito melhor servir do que ser servida”, esse era o seu lema.
Cecilia foi casada por cinquenta e oito anos com Antonio Maia, juntos tiveram quatro filhos e quatro netos.
Uma mulher simples, de muita fé e religiosa. Ajudava os mais necessitados. Foi presidente da conferência vicentina em Itaúna e em Pará de Minas, ambas no centro oeste de Minas Gerais. Nesta última cidade, cuidou de uma vizinha com paralisia, dando banhos nela. Quando se mudou para Divinópolis, fez parte do Apostolado da Oração e da Legião de Maria, servindo nos asilos como também aos enfermos. Além disso, participava do Bazar da Vovó, fazendo crochê. Os trabalhos eram revertidos em ajudas às entidades carentes. Assim como unia o tecido com a agulha nos bordados, Cecilia fazia da sua vida uma entrega ao próximo. “É muito melhor servir do que ser servida”, ela sempre dizia.
Uma mulher de muita fé e temente a Deus e à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro a quem era muito devota. Assistia à missa e comungava todos os dias, também era sagrado rezar o terço, diariamente. Sempre ouvia músicas católicas, era superafinada e gostava de cantar. Uma especial é “Quão grande és tu” que no refrão diz “Então minh'alma canta a Ti, Senhor. Quão grande és Tu! Quão grande és Tu!”, assim também era a sua fé, tão enorme, que não cabia nela.
De estatura mediana, tornava-se uma gigante com sua alegria e estava sempre sorridente ao ajudar quem precisasse de sua ajuda. Gostava muito de aconselhar, por isso as pessoas a procuravam para desabafar. Com seus olhos castanhos, cabelos lisos e grisalhos, estava lá, sempre disposta a ouvir. Sua alegria e olhar sereno transmitiam a calma e a confiança da sábia conselheira. Cecilia tinha "dentes de coelho", que só foram consertados aos 70 anos.
Era do lar e sempre agradava com uma quitanda, um doce ou uma lembrancinha feita por ela. Mais que um hábito, era uma tradição. “A alegria era estar com a família, era uma festa. Seu neto a chamava de 'pop star' da família. Com os irmãos, eram só risadas, lembranças antigas que transformavam em gargalhadas. Encontravam-se, em média, três vezes por ano, em Brumadinho”, recorda a filha Mary, que ainda lembra que em todo Natal ela trazia um presente para cada membro da família, “mas na verdade, o real presente era a presença dela.”
Um outro hábito de Cecilia era a natação. Gostava muito de nadar, todas as quartas e sextas-feiras, às seis horas da manhã, lá estava ela no Estrela do Oeste Clube, pronta para entrar na piscina.
"Ela era forte, cheia de energia e disposição. Todos se sentiam contagiados pela sua alegria. Seu sorriso era largo, sua risada gostosa e, além disso, tinha espontaneidade, carisma, alegria e satisfação em ajudar as pessoas. Sua fé era traduzida em ação, em força e em coragem para cuidar dos enfermos acamados que carregava nos braços e no coração até o último suspiro”, conta a sobrinha Elke.
Cecilia agora foi ao encontro do Pai e, lá do Céu, tornou-se uma grande estrela, tal como era aqui, a iluminar os que conviveram com ela e que agora guardam suas alegres lembranças, eternizadas em suas memórias.
Cecilia nasceu em Crucilândia (MG) e faleceu em Divinópolis (MG), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Cecilia, Mary Maia. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 31 de agosto de 2020.