Célia Fátima Coelho Belo

1955 - 2020

Ela amava pássaros, e se encantava com as cores, por isso enfeitava tudo com adesivos.

A vida não foi fácil para Célia. Ela sofreu muito tempo com um casamento em que havia agressão e dor. Eles acabaram se afastando e ela conseguiu se refazer, apesar de muita dificuldade, mas sempre mantendo a alegria.

Célia era uma pessoa cheia de vida. Muito ativa, não admitia o peso da idade e nunca queria ajuda para nada, tanto que na última vez que esteve na casa de Lucélia, subiu sozinha no telhado para consertar uma telha quebrada.

Tinha cinco filhos e era uma mãe apaixonada, dedicada, atenciosa, sempre preocupada com todos eles. Não eram uma família que costumava demonstrar carinho através do contato físico, mas havia muito afeto e eles estavam sempre próximos, frequentando a casa uns dos outros.

O amor da vida de Célia era a netinha de dois anos e meio. Sua rotina quase sempre incluía uma escapadela para uma visita.

Faria 65 anos em julho e ia tirar a carteira de gratuidade do transporte urbano, o que fazia sua filha Lucélia dizer que teriam que colocar um GPS em Célia, já que ela gostava tanto de sair. Seu passeio favorito era ir até o centro da cidade. Quando ela sofreu de um período de depressão, o médico a aconselhou que fosse até lá pois poderia ver gente, movimento, lojas, coisas novas. Seria uma boa terapia. Já no isolamento, ela se questionava se ia saber andar no centro novamente, depois de tanto tempo dentro de casa.

Célia tinha oito irmãos e todos se davam muito bem. Coisa rara para uma família tão numerosa.

Ganhou um rádio do filho e logo tratou de adesivar para deixar bem colorido como ela tanto gostava. Passava quase todo dia com o rádio ligado, sua companhia constante, já que não gostava de ficar sozinha. Precisava de gente por perto para ser feliz e se entregar a animadas conversas em voz alta e suas boas risadas que iluminavam a vida de todos ao seu redor.