1936 - 2020
A felicidade de saber viver, de saber amar e de saber lutar por seus objetivos.
Celso era um vencedor. Isso é fato! Depois de muito lutar por seu lugar ao sol, o "trabalhador desde sempre" saiu da pequena São Bento, capital das redes, no interior da Paraíba, aos 7 anos em busca de melhores condições de vida.
Vocacionado para o comércio, vendia suas redes, fazia suas feiras e cuidava do seu futuro.
Acabou em Vitória da Conquista, na Bahia, em meio a uma promessa que envolvia a construção, no meio do cerrado, da nova capital federal. Porém, Celso decidiu ficar por ali e, com o tempo, percebeu que suas vendas poderiam ser mais variadas, incluindo agora também roupas e calçados.
Mas aquela cidade ainda não era o lugar em que suas raízes seriam definitivamente fincadas. Partiu então para o oeste baiano, onde havia uma romaria e uma igreja "de pedra e luz". Assim Celso chegou a Bom Jesus da Lapa.
Agora sim! Ali foram mais de cinco décadas de comércio, de romarias e de histórias; a cada venda realizada, um novo freguês, um novo conhecido.
Pai amoroso, sempre foi exemplo no cuidado e no carinho com seus filhos. "Diversas vezes no meio da noite, abria a porta do quarto, olhava se os filhos estavam cobertos, dormindo bem, se estava frio ou calor", relembra o filho Jefferson.
Um homem de muitas histórias do sertão e de suas viagens para Recife, São Paulo, Uruguai, Paraguai e muitos outros lugares. O semblante usualmente sério, revelava o quanto a vida havia sido dura para ele, mas isso não o impedia de trazer um sorriso no rosto nos momentos apropriados: na roça, que tanto cuidava como um troféu, como seu pedaço de paraíso e nos jantares, aos quais nunca faltou fartura, afinal, os tempos difíceis já haviam passado.
Será sempre lembrado como o exemplo de vitória e de luta. Deixa a valiosa lição de que a realidade pode ser dolorosa, sim, mas que um abraço ou um sorriso sincero têm o poder de curar qualquer dor.
Celso nasceu em São Bento (PB) e faleceu em Bom Jesus da Lapa (BA), aos 84 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo filho de Celso, Jefferson de Almeida Silva. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 29 de dezembro de 2020.