1968 - 2021
Amou a vida com sua personalidade livre. Fez e falou de tudo, que o diga seus longos áudios parcelados.
Esta é uma carta aberta de Bruna Câmara para sua sobrinha, Cláudia:
Se alguém teve alma de pipa avoada, foi você! Um espírito livre, leve e solto num corpo fofinho que em nada te atrapalhava. E se foguete não tem ré, com certeza, você tinha um nos pezinhos. Quando ligava a turbina, sumia em meio à multidão da feira para comprar roupas e entre as alas do mercadão para tirar do papel mais uma de suas ideias fantásticas.
Para você, nada era impossível. De doces deliciosos a festas memoráveis para os sobrinhos, tudo aconteceria se fosse pelas suas mãos. Fez desde campanha eleitoral até ajudar a encontrar uma família adotiva para uma bebezinha. A minha festa foi como água de batismo, por mais que a sua tenha sido só de chuva.
O fato é que, uma vez que começava a falar, não parava mais. Na igreja, nas ocasiões com os vizinhos, no transporte, nos áudios que eu pedia para serem parcelados em vários. Qualquer um que te conhecesse, saberia de sua vida inteira em breves trinta minutos de conversa. Mas também não deixaria de citar suas inúmeras qualidades! Do quanto você era boa, carismática, prestativa e atenciosa... Do quanto o seu coração era enorme.
Mas você era esse docinho de coco todo o tempo? Claro que não. Quebrava o pau como ninguém! Os xingamentos iam até a última geração daquele que se metesse a besta contigo. Cada palavrão que a gente nem sabia da existência... Nem parecia a mesma pessoa que se derretia feito manteiga quando via comédia romântica ou um bichinho de rua:
"Gatinha, a tia viu dois gatinhos lindos hoje. E eles pareciam dizer: 'me leva pra casa, me leva pra casa'. Quase que eu trouxe. Fiquei maluquinha! Você então... ia amar!", você disse para sua sobrinha uma vez.
Vou me lembrar para sempre de você como essa pessoa alegre, divertida, fiel, confidente; que encantava a todos e que cumpriu lindamente sua missão na Terra como filha, tia, esposa e amiga; e como o ser iluminado que era!
Cláudia nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu em Rio das Ostras (RJ), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela sobrinha e pelo marido de Cláudia, Bruna Câmara e Daniel Martins da Silva. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Maya Matta Lopes, revisado por Paula Ledo dos Santos e moderado por Rayane Urani em 26 de abril de 2021.