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Cláudio Alves Paula

1972 - 2020

Tinha um coração único e especial. Era chamado carinhosamente de "Amor" pelas irmãs.

Um homem que foi só generosidade. Estar junto dos que precisavam de atenção e cuidados, como os menos favorecidos e abandonados, era uma de suas maiores alegrias. Cláudio, que sempre foi uma pessoa religiosa, exercia seu cristianismo de forma amorosa e inspiradora.

Foi voluntário no acolhimento de crianças órfãs, colocando sua família ao dispor dessa missão tão especial como "família acolhedora". As crianças tinham paixão por ele e a recíproca obviamente era verdadeira. Esse carinho se estendia também aos idosos, não era difícil encontrá-lo fazendo visitas em abrigo na cidade. “Minha alegria era vê-lo cuidando de crianças, sempre estava com crianças do abrigo”, diz a irmã Cristiane.

Na recepção da UPA de Passos (MG), onde trabalhava como recepcionista, era conhecido pela forma atenta e cuidadosa com que recebia os doentes e seus familiares. Até chegou a informar, à direção da UPA, sobre sua condição de grupo de risco por conta da diabetes, o que lhe concederia a possibilidade de ficar em casa durante a pandemia, mas como funcionário público dedicado e cristão, não se omitiu de estar na linha de frente.

Se para a sua comunidade era só generosidade, imagine em casa como era esse ser de luz?! Pai amoroso de três filhos e esposo dedicado ao lar, cozinhava com amor para a família e estava muito entusiasmado pela chegada do primeiro neto e pela comemoração de suas bodas de prata. O PC, como o chamavam os colegas de trabalho, era só amor e tinha o hábito de fotografar, registrando os momentos simples que, para ele, eram muito especiais, permitindo eternizar em imagens o quanto ele foi generoso e amou as pessoas e a natureza.

Agradá-lo era fácil, homem de hábitos simples, gostava demais da comida da mãe. Além disso, era muito sensível e conectado com a natureza, gostava de flores e de pescaria e sonhava em poder, na velhice, ter uma casinha na roça para aproveitar a vida ao ar livre cultivando flores e pescando.

Sempre foi muito atuante em grupos de jovens e deixa para todos esse bonito legado de serviço e amor ao próximo.

Cláudio nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em Passos (MG), aos 47 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela irmã de Cláudio, Cristiane Vitor Alves. Este tributo foi apurado por Lila Gmeiner e Hélida Matta, editado por Ana Clara Cavalcante, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 28 de janeiro de 2021.