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Clemente Alves Rêgo

1936 - 2021

Com amor construiu a casa onde criou os filhos e também as casas de todos eles, com as próprias mãos.

Clemente teve uma vida difícil, porque não conheceu seu pai ou sua mãe. Apenas depois de adulto, conheceu uma irmã, entretanto isso, felizmente, não impediu que construísse sua própria família vivendo uma sólida união que durou 60 anos e ainda chamando a esposa de "meu amorzinho" até o final.

"Seu Quelé" como era chamado, foi marido, pai, avô e bisavô dedicado a fazer a família feliz conforme contam a neta Andressa e a filha Soledade: “Aos sábados, antes de todo mundo acordar, descia à feira para comprar frutas, doces, bolos para os filhos e netos. Quando acordávamos, estava tudo lá, pronto. A verdade é que ele sempre quis nos ver felizes, era o objetivo dele. Ninguém conseguia ficar triste enquanto ele estivesse por perto: eram cócegas, puxava um dedo, estralava outro, fazia uma gracinha, lhe dava um presentinho, escondia as coisas e fingia que não sabia... Tudo para nos fazer felizes”.

Ele era um super-herói e um exemplo de força para todos. Gostava de contar histórias e ninguém as contava como ele. Nas festas de família, ficávamos todos sentados quietinhos para ouvir os "causos" que tinha o prazer e a alegria de contar entre sorrisos, enquanto bebia uma cervejinha.

Seus momentos na frente da TV eram sagrados. Gostava de assistir as missas, novelas assim como os episódios repetidos do CSI(Série Americana Investigativa) e ninguém podia fazer barulho, porque levava bronca.

Ele sabia fazer de tudo e era absolutamente independente. Foi Pedreiro durante toda a vida e após a aposentadoria, gostava de fazer reformas na casa o tempo todo. No último ano, trocou o telhado e o piso, ampliou a cozinha, pintou a casa inteira, tudo visando a oferecer maior conforto quando a família pudesse se reunir novamente no futuro. Clemente foi um homem de grande fé, caráter e coração imenso. Viveu pelos filhos e para a esposa.

Clemente nasceu em Riacho de Santana (BA) e faleceu em Riacho de Santana (BA), aos 85 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela neta e pela filha de Clemente, Andressa Alves Nogueira e Soledade Pereira Alves. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Vera Dias, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 31 de março de 2022.