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Clice Maria dos Santos

1949 - 2020

A família era o seu bem mais precioso. E ela, o alicerce de todos, o motivo da sua luta diária era vê-los bem.

Ela era a primeira a acordar e já saía pelo quintal chamando a filha, o neto e os bisnetos para começarem mais um dia. Com um sorriso no rosto, a bisa Clice ficava entre o seu jardim e a TV, brincando com a caçula da família, a pequena Manu, de apenas 11 meses. A família era o seu bem mais precioso. Para os seus, Clice era forte e guerreira, apesar da baixa estatura. Era o alicerce de todos e vivia uma luta diária para vê-los bem.

Aos 70 anos, a dona de casa, que passou a vida toda no Ceará, superou as dificuldades e não cansava de dizer o quanto amava a vida. A filha Patricia, que sempre morou no mesmo quintal da mãe, é só saudade de seu jeito alegre e espontâneo. “Minha mãe adorava ficar em família e reunir seus três filhos, sete netos e dois bisnetos. Receber, conversar e rir com os amigos era com ela mesma. Ela perdia o amigo, mas nunca a piada”, conta a filha, mostrando o quão genuína era dona Clice.

Sempre foi muito presente e prestativa e encontrou na igreja um segundo lar. Para sair, amava se arrumar com seus vestidos coloridos e seu perfume que não podia faltar; assim como as fotos, tiradas pertinho das flores de seu jardim. O que não faltam são memórias felizes que dona Clice criou com aqueles que ela tanto amava. A sua última mensagem mostra o tamanho do coração desta mãezona. “Se cuidem”, pediu na despedida, e assim a família se une, desta vez para se fortalecer e continuar, como dona Clice gostaria que fizessem.

Clice nasceu em Cascavel (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 70 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Clice, Patricia Santos. Este texto foi apurado e escrito por Jaqueline Oliveira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 17 de junho de 2020.