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Francisco Marcelino Souza da Silva

1961 - 2020

Fanático pelo Paysandu, seu coração enorme também vibrava com alegria a cada vitória de seus familiares.

O gênio forte de Marcelino, como era conhecido, contrastava com seu jeito sonhador. Como padrinho de Dayvid, tornou-se próximo também de sua esposa Lais e é ela quem o descreve como um homem de coração enorme que, no fundo, "carregava dentro de si uma alma de menino".

São os gostos mantidos por toda a vida que comprovam a essência de Marcelino. Empinar pipa, jogar peteca e rodar peão estavam entre suas escolhas para passar o tempo com muita diversão. Era também fã de uma boa pescaria e de tomar banhos nos igarapés. Gostava da natureza e de apreciar o canto dos pássaros.

À família, Marcelino gostava de contar histórias de sua juventude, conquistando a atenção de seus queridos ouvintes que se sentavam na frente da casa em que se reuniam. Tinha uma parceria muito grande com seus irmãos Guilherme, Paulo e Alexsandro, reservando um lugar especial no coração também para as irmãs Maria de Nazaré, Maria da Conceição, Vanja Maria, Ana Lucia e Katia Simone. Todos filhos do Sr. Francisco e de Dona Luciana.

Marcelino foi pai de Dyego, um de seus melhores amigos, e de Giovani, com quem se encontra agora nos céus. Foi casado com Conceição e, ao lado dela, deu sequência à tradição de manter a família unida para momentos memoráveis de muita alegria. É a irmã Maria da Conceição quem conta que todos ― pais, irmãos, tios e sobrinhos ― sempre se reuniam para assistir aos jogos do Brasil e do Paysandu, "todos juntos e uniformizados".

O fanático torcedor do Papão da Curuzu tinha ainda outras paixões. Em especial, dedicava seu carinho aos netos Henrique, Ana e Julia. Adorava comer camarão com açaí e fazia questão de ser o assador oficial dos churrascos. Gostava de recuperar objetos e de cuidar de seu táxi para que estivesse sempre limpo, cheiroso e organizado para receber os passageiros.

Sabia manifestar sentimentos por palavras e gestos. As mães da família certamente guardam com carinho as últimas felicitações recebidas em maio, acompanhadas de elogios e de um sincero "eu te amo". Devoto de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira do Pará, levava alegria por onde passava distribuindo água e geladinho durante a procissão do Círio. Marcelino fazia a peregrinação de Ananindeua, onde morava, até a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. A bondade e a disposição para ajudar sempre foram parte de sua essência e o levaram até a manifestar o desejo de poder doar máscaras para que as pessoas se protegessem durante a pandemia.

Marcelino precisou fazer morada no coração de seus familiares. Mesmo à distância, recebeu da mãe, Dona Luciana, orações do salmo 91 que eram feitas de cor. Da irmã, Maria da Conceição, recebeu os versos da canção "Um refrão para a sua alma", entoada para acalmar os corações e, quando chegou a hora, partiu. Foi deixando em todos a certeza de que homem turrão também tem coração bom e que, de onde estiver, seguirá vibrando com as vitórias dos seus como sempre fez.

Francisco nasceu em Icoaraci (PA) e faleceu em Icoaraci (PA), aos 58 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã e pelos sobrinhos de Francisco, Maria da Conceição Silva Pinheiro, Deyvid Pinheiro e Lais Fernanda Gomes de Sousa. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Larissa Reis, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 4 de novembro de 2020.