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Damião Paes de Melo

1964 - 2020

Gostava de ler a Bíblia ouvindo música gospel ou caipira. Amava a família e seu inseparável cachorro, Oliveira.

"O único e grande amor da minha vida, meu eterno namorado e esposo. Foram 19 anos de união", relembra a esposa Cristina.

Damião, mais conhecido como Didi, era, nas palavras dela, "súper amoroso, companheiro e carinhoso", além de ser um pai exemplar para os seus dois filhos: Vicenzo e Mabily.

Trabalhador e muito esforçado, tinha o sonho de morar em um sítio onde pudesse "criar bichos e viver na natureza até o fim dos seus dias".

Cristina conta que todas as tardes, quando chegava do trabalho, ele fazia questão de levar o seu cão, o seu melhor amigo, para passear.

Era um pastor e amava a Deus sobre todas as coisas. A família era o seu porto seguro e sua prioridade. "Antes de falecer, as enfermeiras me disseram que ele só falava em mim e nos nossos filhos", ela prossegue.

Didi tinha saúde de ferro e, com ela, pôde aproveitar os seus 19 anos de união com sua esposa e os filhos. Deixou o seu legado, que será perpetuado pelas pessoas que sempre o amaram e que, agora, lhe fazem esta homenagem.

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Honesto, trabalhador e com um coração puro. Didi, como era conhecido por todos, andava sempre sorrindo e via bondade em todas as pessoas e situações de sua vida. Saiu do sertão pernambucano aos 18 anos com a família, em busca de uma vida melhor, e migrou para São Paulo, onde se estabeleceu como motorista de lotação.

Foi em um dos muitos ônibus que dirigia que conheceu o seu grande amor, Cristina. Foi amor à primeira vista! A partir desse dia, os dois nunca mais se separaram, e Didi não escondia de ninguém a sua paixão - mostrava a todos o seu “Amor”, que era como ele sempre se referia à esposa. Com ela, teve dois filhos e montou o próprio negócio.

Como pastor evangélico, transmitiu a religião aos filhos. Tinha por ideal amar a Deus sobre todas as coisas e priorizar sempre a família, e de fato conseguiu pôr isso em prática. Nunca ficou um só dia longe da esposa, a não ser quando era extremamente necessário, e esteve presente na vida de seus filhos, tanto em casa como em eventos escolares. "Até o batismo, que teve a honra de realizar", acrescenta a amiga Vitória Maria.

Ela conta que Didi tinha muito orgulho do seu trabalho e de tudo o que conquistou com ele. Não tinha vergonha de que as pessoas vissem suas mãos e roupas sujas de graxa. “As pessoas precisam saber que eu estou trabalhando”, sempre dizia à mulher. Quando chegava em casa após o dia na oficina, dirigia-se à cozinha para preparar sua refeição preferida: cuscuz.

Passava o seu tempo livre com a família, lendo a Bíblia e ouvindo música gospel e caipira, os seus gêneros preferidos. Didi se preocupava muito com sua saúde e praticava caminhada duas vezes por dia.

Interessado no bem-estar de todos, não poupava esforços para ajudar sempre que podia. Cuidava como ninguém dos seus familiares, dos sogros, dos cunhados e dos sobrinhos, que nutriam por ele uma verdadeira paixão. Sua alegria e a pureza de coração conquistavam todos ao seu redor.

Amante da natureza e dos animais, sonhava em se aposentar e se mudar para um sítio no interior, onde poderia cultivar plantas e cuidar de seus animais, que eram seus companheiros de todos os momentos. "Ele e seu cachorro Oliveira eram melhores amigos e nunca se desgrudavam", lembra Vitória.

Hoje, Oliveira, Cristina e os filhos Vicenzo e Mabily sentem imensamente a falta que Damião faz.

Damião nasceu em Caetés (PE) e faleceu em Cajamar (SP), aos 55 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa e pela amiga de Damião, Cristina Cardoso de Melo e Vitória Maria Faria Lelis Duarte. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Mariana Lopes, revisado por Otacílio Nunes e moderado por Rayane Urani em 10 de setembro de 2020.