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Danilo Dalbello

1955 - 2021

Preenchia o ambiente com suas paródias inventadas na hora, danças e as costumeiras gargalhadas.

Para o agricultor Danilo o casamento e sua missão de pai foram como marcos em sua vida. Em busca de melhores condições para sua família, mudou-se para a cidade onde passou a trabalhar como operário em uma fábrica.

Sempre teve um cuidado e um carinho muito grande com a família, especialmente com as duas filhas e a neta. Gostava de reunir todos para churrasco e chimarrão. A filha, Simone, considera o churrasco do pai "o melhor do mundo".

Danilo construiu lindas histórias de amizade no trabalho, as quais renderam muitas risadas e piadas internas entre os familiares. Aliás, falar em risadas é falar em Danilo. "Meu pai tinha um jeito próprio de contar suas histórias e piadas. E gargalhava tanto que, às vezes, parecia até ficar sem ar. Sem dúvida era uma característica marcante sua: a alegria. Gostava muito de rir e de nos fazer rir", conta Simone, que não lembra de um dia na vida sem a gostosa gargalhada do pai.

Suas caminhadas eram uma rotina que amava; nunca se esquecia do chapéu. E, se por um lado, era rabugento, brigando habitualmente pelas luzes de casa que esqueciam de apagar, na rua cumprimentava todos com o seu sorrisão, soltando um empolgado "opa"!

A filha entrega o mimo do pai com os cachorros: "Ele dizia que não queria mais cachorro, mas cada vez que adotávamos um, era ele quem mais os mimava". E complementa: "'Meu coroa é o cara' — demos uma xícara com essa frase em um Dia dos Pais e representava muito nosso pai, pois sua linguagem sempre foi a do amor conosco. Ele foi meu maior exemplo de cuidado, afeto e altruísmo. Os cuidados conosco eram prioridade e ele estava sempre atento a tudo: nos dava caronas, ajudava a resolver questões do dia a dia, ouvia reclamações. Para ajudar o próximo então, não pensava duas vezes, mesmo se fazendo de durão".

Danilo era campeão de gambiarras e usava adesivo de epóxi em tudo. Tanto que ainda encontram diversos remendos feitos por ele pela casa. Mas a vida, "ele não queria remendar, mas sim ainda alcançar seus sonhos, como o de construir uma casa no campo e renovar os votos de casamento com a esposa", como conta a filha, que lamenta a partida do pai no auge dos planos.

Danilo adorava comentar futebol, fazer críticas políticas e além do chimarrão, seu grande companheiro também era o rádio.

"Meu pai era um gatão. Cabelo sempre dividido ao meio, calção jeans, blusa gola polo com um bolsinho no canto esquerdo, chinela de borracha com a bandeira do Brasil, seu chapéu e o relógio de pulso. É assim que me lembro dele, andando com seu gingado único e cumprimentando os vizinhos. Levando a vida com seu jeito ímpar de ser e de cuidar." O amor da vida de Simone. "Você é o nosso 'véio' e sempre terá seu lugar reservado"!

Danilo nasceu em Ipumirim (SC) e faleceu em Concórdia (SC), aos 65 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Danilo, Simone Dalbello. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Denise Pereira, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 16 de janeiro de 2023.