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Danubia Pereira Venâncio

1984 - 2020

Com sua pressa em ser feliz, fazia da vida uma festa, vivendo com intensidade cada momento.

"Filha amada e generosa, de alegria contagiante", assim era Danubia, nas palavras da tia Valeria.

Era hiperativa e desde os seis anos fazia tratamento. A irmã mais velha, Vanessa, que cuidava da pequena enquanto a mãe trabalhava, passou por poucas e boas na tentativa de conter a menina, uma espoleta de tanto que pulava. Mas ela tinha um carinho enorme pela irmã. Para ela, a primogênita de dona Lourdes era a Dedé. Então, eram a Dadá e a Dedé, apenas Danubia chamava a irmã por esse apelido.

Agitada, inquieta e muito amorosa, tudo nela era intenso. Fugia e com isso dava trabalho na escola, embora não tivesse dificuldades de aprendizado. Suas notas eram excelentes, pois absorvia tudo com facilidade.

Solidária, dividia o que tinha. Ficava sem as coisas para não deixar os coleguinhas sem. Não havia melhor amiga que ela: divertida, festeira e companheira.

Trabalhou junto com a tia Valéria em uma agência de publicidade e eram parceiras de folia. Dadá, como era carinhosamente chamada, era ótima companhia com seu astral lá em cima.

Fez algumas escolhas ruins que a prejudicaram e viveu momentos bons, outros nem tanto, associados a sua condição emocional.

Quando estava em companhia da mãe, dona Lourdes, fazia questão de ouvir as músicas que ela gostava, mesmo quando diferiam de seu gosto, só para agradá-la.

Teve dois filhos, Emanuell e Maria Gabriela. Embora não morassem juntos, sempre os via e os amou de seu jeito. Passeava com eles e fez algumas viagens com a Gabi, enquanto trabalhava no Areal.

Era apaixonada pelos sobrinhos, pela irmã e toda a família, amou a todos da sua maneira.

Traduzia o afeto que tinha pelos familiares com gestos. Quando a tia Valeria ficou doente, com a Covid-19, a sobrinha se desdobrou em cuidados, mesmo correndo o risco de se infectar. Também foi a companhia do tio Geraldo, acometido pelo mesmo vírus, quando ele saiu da UTI até ter alta.

Tia Valeria retribuiu a atenção que recebeu da sobrinha quando Dadá teve covid. Era ela quem dava todo suporte para Danubia e Vanessa, elas ficaram doentes ao mesmo tempo e morreram com um dia de diferença.

Danubia deixa mãe, filhos, tia e amigos. E uma imensa saudade

Onde ela estiver, deve estar fazendo festa, como era aqui na terra.

A irmã de Danubia, também tem uma homenagem neste Memorial, para conhecer sua história busque por Vanessa Pereira Venâncio.

Danubia nasceu em Belo Horizonte (MG) e faleceu em Governador Valadares (MG), aos 36 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela tia de Danubia, Valeria Alves e pela mãe Maria de Lourdes Pereira Venâncio. Este tributo foi apurado por Larissa Reis e Talita Camargos, editado por Rosa Osana , revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 2 de julho de 2021.