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Delano Rosevelt Alves Ramos

1945 - 2020

Amava tanto os animais, que deu a piscina de casa para os patos nadarem. Nem se importava com a bagunça.

Nascido em uma casa chamada Vista Alegre, no Rio Grande do Sul, Delano Rosevelt teve seu nome escolhido pelo padrinho, que tinha pelo então presidente dos Estados unidos profunda admiração.

Delano teve uma infância difícil. Foi o quarto, de cinco irmãos, e o único a cursar uma universidade. Começou a cursar odontologia em 1972. Ali fez muitos e verdadeiros amigos. Criaram um grupo que se manteve unido e se encontrava para conversar e compartilhar experiências.

Casou 3 vezes e em todos os seus relacionamentos foi sempre amoroso, cuidadoso e respeitoso. Teve apenas uma filha. Moraram juntos pelos primeiros 5 anos da vida dela e mantiveram, ao longo do tempo, uma relação muito forte, apesar da distância. Savanna dizia que o pai tinha o coração bondoso e de ouro.

O Rosevelt ou Veto, assim chamado carinhosamente pelos mais próximos, era um homem de muitos amigos, bom ouvinte, empático, e conseguia, com poucas palavras, no momento apropriado, dizer o que era necessário. Era um cara do bem. Generoso, alegre e admirado por muitos. Acreditava no melhor do ser humano e lutava por justiça. “Respeito acima de tudo, de qualquer coisa, pois sem ele não há amor” - não cansava de dizer.

Tinha muitas paixões e uma delas era o Grêmio, time do coração. Gostava também de água, aliás, gostava muito, e um de seus hábitos era ficar de molho na piscina, após um longo dia de trabalho no consultório ou pescar com o irmão na lagoa. Aos domingos o almoço era certo: o churrasco de ovelha que apreciava com a esposa, os irmãos e sua filha.

Amante da natureza e dos animais, teve muitos deles, de tamanhos e espécies diferentes: porquinho da índia, peixe, gato, cachorro, pato, ema, pavão, galinha d’angola, calopsitas e até um bezerro. Preocupava-se de fato com eles, tanto que, certa vez , permitiu que os patos, que eram criados soltos no quintal, fizessem da piscina sua morada, por todo inverno. A piscina virou um lodo só, mas os bichinhos estavam felizes e era isso, somente isso, que importava.

Cultivava também um pomar com as mais variadas frutas. Era como se quisesse reproduzir os cheiros e os sons da casa onde nasceu, na campanha gaúcha.

Delano era um homem íntegro, que aprendeu com a vida a preservar seu jeito brincalhão, levando bom humor e muitos risos, apesar das adversidades. Encantador, ele fazia brincadeiras de forma séria e só depois as pessoas se davam conta de que era uma pegadinha.

É lembrado com carinho pela filha: “Ele foi um pai presente em todas as minhas lutas. Mesmo depois de sua partida, sinto que continua sempre comigo, em meu coração e em meus sonhos".

Delano nasceu em São Gabriel (RS) e faleceu em São Gabriel (RS), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Delano, Savanna da Rosa Ramos. Este tributo foi apurado por Thyago Soares, editado por Rosa Osana, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 12 de agosto de 2021.