1938 - 2020
Amava assistir aos jogos do Palmeiras, mas desligava a TV depois da partida mesmo com alguém ainda assistindo.
Fazia de tudo pelos filhos, gostava muito de reunir a família e, quando um deles faltava, ele tentava resolver o problema a qualquer custo para que este pudesse comparecer. Tinha o seu lado ranzinza, porém era visto sempre sorrindo.
Era sistemático e duro, mas ao mesmo tempo um chorão que chorava de preocupação por seus filhos e netos. Seus Natais e outras datas festivas eram marcadas pelas lembranças da perda de uma filha e todo ano, ele chorava muito.
Conta o neto Rafael a esse respeito: "Eu não moro mais na Cidade da minha família há três anos e tenho uma tia que é um ano mais nova que eu, que também mora na mesma Cidade que eu...lembro-me perfeitamente de quando começou a pandemia, da minha mãe ligar, com ele do lado, pedindo para nós voltarmos para lá. assim não ficaríamos aqui sozinhos, que perto deles era mais seguro. E minha mãe dizia que ele chorava muito ao fundo."
Segundo o neto, ele mesmo nunca era de fazer telefonemas, entretanto se ele estivesse por perto durante uma chamada, era possível ouvi-lo ao fundo fazendo perguntas ou mandando a esposa dizer coisas encomendadas por ele reforçando a preocupação e o cuidado.
Para ele era lei todo domingo assistir ao jogo do Palmeiras, todavia quando se perguntava qual era o seu Time preferido, nunca respondia. Se nesse dia alguém estivesse assistindo televisão, ele entrava na sala e, sem pedir licença, simplesmente trocava de canal para ver o Palmeiras jogar, mas sempre dizia que não era Palmeirense. E tinha mais: depois que o jogo acabava, ele levantava e falava: "Cabô né? Bora!" Desligava a TV e os outros ficavam na sala olhando para as paredes enquanto ele saía.
Era muito simples e conservador em seus hábitos e sempre tomava café após o almoço. Ele terminava de comer, colocava o prato na pia e já retornava com a xícara na mão.
Delcides era apaixonado pelos passarinhos e possuía uma dezena deles com uma história para contar sobre cada um.
Delcides nasceu em Morro Agudo(SP) e faleceu em Morro Agudo (SP), aos 81 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo neto de Delcides, Rafael Honorato Gonçalves. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Letícia Virgínia da Silva, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 5 de dezembro de 2021.