Deli Rodrigues Pereira

1949 - 2021

Fazia um bolo salgado de atum tão especial, que o servia como presente nas comemorações em família.

Uma pessoa doce, meiga, sensível e delicada, Deli era dona de um coração gigante.

Como não podia ter filhos, tratava seus sobrinhos como filhos. Conviviam de perto, juntos no mesmo quintal, onde construíram recordações únicas. A família era pequena, e estava sempre reunida nas celebrações de Natal e de Ano Novo. Essas ocasiões eram repletas das histórias que Deli contava, uma das preferidas era a de sua sobrinha Lucimara, que, em uma das comemorações de família quando era pequena, chamou a tia para dizer que "o mosquito estava pisando em seu pudim". A narração era tão engraçada que todos caíam na gargalhada.

Sua sobrinha, Regina, se lembra dela como uma segunda mãe. O cabelo de Deli era muito longo e grosso, e ela se sentava ao lado da tia para fazer penteados que demoravam a tarde toda. As duas conversavam sentadas na escadinha da casa de Deli — às vezes, ela aproveitava para lavar louça, e nesses momentos estão algumas das melhores lembranças de Regina.

Deli cozinhava um bolo salgado de atum único, que era o preferido do marido de Regina. Nas comemorações e festinhas, ela sempre levava uma bandeja para ele: era um presente, ela dizia. Hoje, ele não consegue mais comer esse tipo de salgado, só Deli conseguia acertar o jeito que ele gosta de comer.

Serva de Deus e devota de Nossa Senhora, Deli prestou serviços à comunidade. Na salinha da igreja, recebia as pessoas com um sorriso largo e gentil — mesmo quando seu coração queria chorar. Era uma mulher perseverante, e conseguiu levar Manoel, seu marido, para a igreja depois de trinta anos de muita insistência. Os dois passaram quarenta anos casados, e juntos construíram uma linda história de amor.

Amada por todos que tiveram a honra de conviver com ela, Deli deixou bons exemplos por onde passou, e a certeza de que viverá para sempre nos corações que tocou com tanto afeto e carinho.