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Demétrius Weissheimer

1985 - 2021

Não podia ver um animal abandonado que logo começava a tratar de seus ferimentos e alimentá-lo.

Nascido sob o signo de leão e tendo Bob Marley como seu maior ídolo, a simbologia rastafári relacionada a este grande felino sempre esteve presente nas pouco mais de três décadas vividas intensamente por Demétrius. Seu primeiro trabalho foi na aeronáutica, onde trabalhou inicialmente no Hospital da Base Aérea de Canoas e posteriormente na ANAC. Sempre atuou no ramo de transportes, trabalhava bastante e sonhava em talvez um dia abrir uma agropecuária.

Torcedor fanático, sempre que podia assistia aos jogos do Grêmio ao lado dos irmãos. E era ele o protagonista dos gritos e comentários sobre o time. Afinal, entendia muito de futebol.

Gostava muito de praia, de surfar e descansar após longos meses de trabalho. As viagens que fazia com os irmãos e a esposa Graziela para alguma praia ─ fosse no litoral gaúcho, catarinense ou fluminense ─ eram sempre muito esperadas e uma grande alegria a cada final de ano.

"Ele era a maior inspiração de sua esposa na faculdade na qual ela concluiu o curso de Processos Gerenciais em 2021. Demétrius e Graziela viviam intensamente um para outro", afirma a sobrinha Ana Etiely.

Como era o filho caçula dentre cinco irmãos, foi sempre chamado de "bebê" pela mãe. Era amoroso demais com ela. "Era um ser diferente, bem nervoso, alegre... Aproveitava tudo intensamente. Além disso era sensível, solidário e amigo de todos", conta a sobrinha.

Durante a vida teve inúmeros cachorros. O primeiro foi um Boxer chamado Tyson que recebeu muito amor e cuidados do dono. Amava os animais e, após se casar, resolveu abrir um canil dedicado à raça Shar-pei.

"Minha lembrança forte de quando éramos crianças é de quando ganhávamos salgadinhos de nosso bisavô Wate e nos divertíamos com aquilo. Era nosso maior presente. Também fazíamos lutinha e brigávamos de verdade até. Era estranho e eu não entendia direito o fato de ele ser meu tio, afinal tínhamos apenas seis anos de diferença de idade", relembra Ana.

Demétrius viveu intensamente suas paixões: o "reggae" com seu leão de Judá e as canções profundas e vibrantes do rei do "reggae"; o surfe, que desde criança o encantava; o futebol, que o fazia torcer e jogar duas vezes por semana com os amigos que, após sua partida, o homenagearam com uma caneca de chopp com sua foto; e toda a família ─ mãe, irmãos, esposa, cunhadas, sobrinhos, sobrinho-neto, afilhados e tias ─ pela qual também era amado.

A sobrinha considera que Demétrius partiu cedo demais, mas que deixou infinitas histórias boas para relembrar em cada um que conheceu. "Vai em paz, Demi. Te amamos para sempre!", conclui Ana Etiely.

Demétrius nasceu em Canoas (RS) e faleceu em Porto Alegre (RS), aos 35 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela sobrinha de Demétrius, Ana Etiely Weissheimer. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 17 de janeiro de 2022.