1951 - 2020
Jaleco e seu violão eram os casacos de guerra do Dr. Dagnou.
Pai de três filhos, amoroso e cuidadoso, fazia questão de ir até o quarto da filha para cobri-la para que não passasse frio. Avô de duas lindas netinhas, com quem tinha uma relação muito bonita e cheia de carinho, transbordava amor por elas, era daqueles vovôs que fazia tudo que as netas queriam e incansavelmente brincava com elas. Ainda nesse ano vai nascer mais uma de suas paixões, pois mais um netinho está a caminho e, sem dúvidas, também seria muito paparicado por esse avô coruja.
Homem generoso, bondoso e cheio de carisma. Era um excelente contador de histórias engraçadas, fazia piada de tudo, conseguindo deixar qualquer momento mais leve e suave.
Tocava violão todos os dias, pois a música era sua grande paixão. Ele dizia: “A única coisa que eu quero é ver minha TV e tocar meu violão”, relata sua filha, Lucy. Frequentemente, se preocupava se todos estavam com fome e se estavam bem, ele dizia todo dia que ia comer o básico, que era o café da tarde.
Certa vez, teve a ideia de ir de carro para a Bolívia com toda família, foram dois longos dias para chegarem lá e mais dois longos dias de volta até chegarem em casa, foi o maior perrengue que passaram em família, já que o carro estava com sete pessoas e não tinha nem como se mexerem, por conta das malas, essa foi, de longe, a viagem mais engraçada que vivenciaram.
Médico muito humano, estava trabalhando na linha de frente, mesmo estando ciente que era parte do grupo de risco e sabendo de todo perigo, porém não pensou duas vezes e se expôs para salvar vidas, pedia para que todos se cuidassem e que não se preocupassem com ele. Dedicou-se para cuidar dos que precisavam, se arriscou por aqueles que nem conhecia e para os mais necessitados. Um misto de sensações entre a beleza da atitude com a tristeza de ter deixado uma família que o amava muito, mas, sem dúvidas, cumpriu lindamente seu dever aqui na Terra.
Dr. Dagnou, agora pode tirar um pouquinho o seu jaleco, descansar e tocar seu violão aí do Céu, aqui da Terra seremos sempre a sua plateia com muito prazer e gratidão, somos parte do seu fã clube, sempre ansiosos para te ouvir tocar e, ao final da música, te aplaudir e gritar “mais uma, mais uma, mais uma.”
Que ciúmes a gente sente dos anjos aí do Céu, quando os anjos daqui da Terra se mudam para a casa deles. Amor além da vida.
Dennis nasceu em Sucre (Bolívia) e faleceu em São Paulo, aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.
História revisada por Bianca Ramos, a partir do testemunho enviado por filha Lucy Giulia de Rollano Torres, em 22 de julho de 2020.