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Diego de Sousa Batista

1992 - 2021

Fazia questão de preparar pratos, com capricho e amor, para todas as reuniões em família.

Diego cresceu no Bairro Arapoangas na Cidade de Planaltina, Distrito Federal, onde ele dizia que teve a infância mais feliz que poderia ter. À época a estrada ainda era de terra, ele soltava pipa, vivia correndo na rua até o córrego, subia nas árvores e pulava os muros para pegar caju.

Cresceu junto com os pais e seu irmão mais velho, Rafael, de quem ele sempre se orgulhou; eles eram muito unidos, demonstravam grande carinho um pelo outro e se cumprimentavam com um abraço e um beijo no rosto. Mais tarde, conheceu outros nove irmãos por parte paterna e, então, se integrou a mais uma grande família com a qual ele amava estar.

Na adolescência foi apelidado de Surykaty e todos os amigos e colegas o chamavam assim e ele contava que a Quadra 16 do Conjunto L, se tornou uma outra família.

Fez parte ainda de uma terceira família, quando aos 14 anos começou a trabalhar como aprendiz em uma empresa e lá permaneceu até seu último dia de vida, constantemente muito dedicado e esforçado. Ali, para todos, ele era o Dieguinho.

Gostava de sair de casa em casa, fazer visitas e juntar casais. Até que ele também encontrou Beatriz, que relata sua história com ele: “Conheci meu grande amor através de uma colega de trabalho que já o conhecia há anos. Ela nos apresentou e desde então nos amamos. Diego me fez o pedido de namoro mais lindo, à luz de velas. Vivemos os melhores anos juntos; vivemos tudo que nunca havíamos vivido, viajamos muito, passeamos, nos amamos intensamente.
Tínhamos um apelido carinhoso, 'Raio de Sol'! Ele me proporcionou tudo de melhor que eu pude viver. Era meu companheiro para tudo, continuamente cuidou de mim, me amou intensamente. Passamos por momentos tristes, mas nada o abalava e ele esteve firme para me fortalecer. Diego era a fortaleza que me mantinha forte e viva. O que o tornava único era o companheirismo, a força de vontade de vencer, a positividade que sempre teve para que tudo desse certo”.

Aos 22 anos ele se tornou pai; Theo nasceu três dias antes de completar seus 23 anos, sendo para Diego o melhor presente de aniversário. Os dois eram do signo de Leão e tinham os gênios idênticos, fortes e decididos em tudo. Theo era tudo para ele que foi um pai maravilhoso, habitualmente presente na vida do filho e lhe dando todo o amor que poderia dar.

Muito inteligente e sonhador nunca desistiu de ser melhor a cada dia. Estudou, formou-se em Geografia em novembro de 2013 e fez Pós-Graduação Latu Sensu, MBA em Gestão Ambiental, com Ênfase em Avaliação de Impactos e Geoprocessamento, concluindo o curso em 2016. Sonhava ser Engenheiro, contudo não teve oportunidade e, então, ficava olhando as construções com olhos observadores, procurando registrar cada detalhe. Assim, construiu a sua própria casa, junto com seu pai, que era Mestre de Obras.

Foi um homem, dedicado, prestativo e batalhador. Tudo nele era positividade e estava geralmente disposto a acolher, a dar um abraço e dizer que tudo iria dar certo. Tinha uma vida linda pela frente e amava sair rodando pela cidade conversando sobre o futuro, sobre constituir a sua família.

Diego era luz por onde passava, amava viver a vida intensamente e ajudou muitas pessoas com seu coração grande. Nas horas vagas ele amava comer, gostava de tudo; se fosse um churrasco, então... nem se fale; para todas as ocasiões tinha que ter um lanche. Amava cozinhar e fazia pratos deliciosos, cozinhava para os pais e para todos da família. No momento de preparar as delícias, tinha como parceira Vanessa, uma amiga da qual se orgulhava muito e até a chamava de irmã, uma amizade nascida ainda na Rua L onde cresceram juntos.

Beatriz se recorda de características do marido e de momentos preciosos que viveram juntos: “Dono de um sorriso contagiante, e um cheiro delicioso; ele amava se perfumar, tomava banho quatro vezes ao dia, amava ficar cheiroso. Brincalhão, ele tirava risos da gente do nada, imitava os pais, os tios e me imitava. Uma coisa que fazia frequentemente era chegar gritando a mãe com um sorriso no rosto, Niiiiiii, corria e mordia a cabeça dela, pedia a bênção para o pai na totalidade do tempo com um beijo na mão."

Diego amava assistir filmes com sua amada deitada em seu peito. Ele era a estrada na vida de Beatriz; é inevitável sentir saudades. "Surpreendente, meu Raio de Sol partiu e nos deixou uma mensagem de despedida, feita cinco meses antes, palavras de muito amor e conforto para a gente, ditas como quem pudesse prever que sua história na Terra estava por findar. Ele é o amor da minha vida e estará eternamente em nossos corações”!

Diego nasceu em Brasília (DF) e faleceu em Brasília (DF), aos 29 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de Diego, Beatriz Dantas da Silva. Este tributo foi apurado por Mariana Nunes, editado por Vera Dias, revisado por Magaly A. da S. Martins e Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 16 de março de 2022.