Sobre o Inumeráveis

Dione Cardoso Rodrigues dos Santos

1951 - 2020

A cada adversidade, um aprendizado. Em sua despedida queria gaita, pandeiro, milongas e samba.

Dione foi mãe, esposa, avó e mais que isso, foi luz e poesia por onde passou. Telefonista, adorava viajar, era apaixonada pela cultura gaúcha, em especial pela arte de declamar, onde se dedicou uma vida, acompanhando a filha declamadora e tantos outros. Mas o samba também a fazia se reinventar. Muitos chamavam-na de Didi, Dioninha e Ianinha.

Família para Dione era sinônimo de legado de pertença e transcendência na vida terrena. Era alegria, lar, aconchego. Junto a José Luiz Rodrigues, construiu uma vida de amor e companheirismo.

Constituiu uma família de cinco filhos, dez netos e um bisneto que está prestes a conhecer as coisas boas do mundo e ouvir falar da mulher que Dione foi.

Forte, determinada, alto-astral, de caráter bom, amiga e uma pessoa de coração gigante, que amou imensuravelmente os seus e que sempre acolhia a quem precisasse com uma palavra de conforto e solidariedade.

Teve a vida marcada por lutas e tornou-se resiliente diante das dificuldades. Como uma borboleta em seu processo doloroso de espera até sair do casulo para ver o florescimento dos jardins. A cada adversidade, um aprendizado, um olhar paciente e esperançoso.

Em sete anos de hemodiálise o seu olhar transparecia amor, gratidão e vontade de viver. A cadeira de rodas não prendeu a alegria de Dione. “Em sua passagem aqui neste plano que chamamos de material, dizia: 'Quando daqui me for, caixão não tem gaveta, nada de luxo, nada de choro; quero gaita, pandeiro, milongas e samba'. Dione, mulher negra, presente!", declarou a filha Liliana

Em sua homenagem, o poeta e repentista Pedro Júnior da Fontoura escreveu a seguinte poesia:

Homenagem a Mãe Preta, Luz - Dione

"Esse tombo não foi nada
pra força da nossa fé.
Nossa luz resiste firme,
está acesa, está de pé.

(...)

Há uma luz cheia de vida,
de sorrisos, de alegria.
A luz que vem da Mãe Preta,
minha guia de energia.
Há uma luz de beleza
sempre em cada recomeço.
Essa luz que minha Mãe,
me reluz, porque mereço!"

Dione nasceu em Pelotas (RS) e faleceu em Porto Alegre (RS), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Dione, Liliana Cardoso Rodrigues dos Santos Duarte. Este tributo foi apurado por Malu Marinho, editado por Leiana Isis Oliveira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 29 de dezembro de 2020.