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Dirceu Morais

1962 - 2020

Amava mexer na terra, paixão herdada de seus pais.

Dirso para os mais íntimos, era paranaense com alma de Gaúcho, apelido que veio pela forma como se vestia, por usar chapéu e pela cultura e forma de falar parecidas com a dos gaúchos.

Foi casado com Terezinha Rodrigues, com quem viveu por 29 anos. Mesmo após o divórcio mantiveram carinho e respeito um pelo outro. O amor entre os dois gerou frutos, seus quatro filhos: Edmilson, Patrícia, Ana Paula e Ana Karolina. Dirceu fez da infância dos filhos uma época tranquila e alegre. Era sempre muito presente e protetor, e ficaram marcadas as temporadas nas chácaras dos pais de Dirceu, onde faziam churrascos, dançavam vanerão e tomavam um bom chimarrão.

A família de Dirceu sempre foi muito unida. Ele e os irmãos se viam todos os finais de semana. Em época de frio, o pai de Dirceu fazia mocotó para os netos tomarem. Amavam curtir um bom banho de rio juntos, tinham bastante contato com os animais, andavam a cavalo e dormiam em barracas, sempre seguindo a tradição da família.

Dirceu viveu exercendo o que mais amou na vida: levantava às 5h da manhã todos os dias para exercer suas profissões de agricultor e comerciante.

Usava de suas horas livres para se reunir com os filhos e netos, pelos quais era apaixonado. Seu tempo também era dedicado ao amigos: volta e meia se reuniam para tomar uma cervejinha juntos.

Dirceu dizia ter aprendido a dirigir ainda criança. Um grande contador de histórias, costumava lembrar da infância, época em que morou em um sítio no Paraná. Contava histórias de assombração, ou as de seu avô, que ficou na mata durante a Segunda Guerra Mundial.

Sempre gostou de caçar, e em uma dessas ocasiões Dirceu alegava ter conseguido ouvir assobios na mata, redes balançando e visto assombrações. Fazia questão de imitar sons amedrontadores para assustar os netos, e caía na risada, brincalhão que era.

Era o típico avô babão dos cinco netos, Lucas, Mateus, Júlia, Arthur e Guilherme. De acordo com sua filha Patrícia, ele estragava os netos, como fazem os avôs e avós inesquecíveis. Divirtam-se indo à chácara juntos, plantavam e iam para o riacho.

Dirceu deixa um legado de princípios, amor à família e solidariedade para com o próximo. Um homem que não mediu esforços para cuidar dos seus e honrar suas tradições.

Dirceu nasceu em Guaraniaçu (PR) e faleceu em Cuiabá (MT), aos 58 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Dirceu, Patrícia Rodrigues Morais. Este tributo foi apurado por Luisa Pereira Rocha, editado por Luma Garcia, revisado por Fernanda Ravagnani e moderado por Rayane Urani em 21 de dezembro de 2021.