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Divane Canuto Andrade Monteiro

1952 - 2020

Entusiasmo, essa era a palavra capaz de traçar um desenho límpido da sua imagem.

Seu nome tinha o significado de “Deus em si”, “Inspiração de Deus” e “aquela que tem Deus”. Morena, sempre muito preocupada com os cabelos, tinha formas generosas e um sorriso de dentes perfeitos que chamavam a atenção de todos. Com ela, nada era difícil, seu jeito leve e feliz de ver a vida era como uma brisa gostosa de um dia quente que, de um modo doce, abraçava todos que a cercavam com muito amor e compaixão.

Era dentista, especializada em Ortodontia, e fazia a mágica na boca de seus pacientes. Amava a profissão, não perdia oportunidade de aprender, participar de cursos de atualização em qualquer lugar. Era uma pessoa energética, não parava por nada! Fora do consultório, mantinha o vai e vem em sua casa; mexia na decoração como se fosse a própria arquiteta de plantão, cozinhava muito e dizia que não era costureira, mas conseguia transformar peças velhas em novas num piscar de olhos. “Ela costurava que era uma beleza, tanto que costurou, à mão, minha camisola e robe da lua de mel. Era um jersey azul que ela adornou com pedaços de renascença. Ficou lindo!”, disse sua cunhada.

"Menina intensidade", era assim que suas amigas a conheciam. Não tomava café nem se pagassem, mas devorava torteletes como se fossem de vento. Amava pescar e era a protagonista de várias aventuras pelo mundo, como Japão e Indonésia, ah... que danada ela era! Depois que voltava de cada viagem, corria para a família para as descrever com os olhos brilhando, animada feito criança bem-sucedida em uma traquinagem. Sem dúvida, era uma força da natureza, mais que mulher, era mãe acolhedora para todos os momentos. Deixou de ensinamento para sua família que vale mais viver o agora do que esperar o tempo passar e nunca ter vivido.

Divane nasceu em Maceió (AL) e faleceu em Maceió (AL), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela cunhada e amiga de Divane, Gal Monteiro. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Leila Aurélia Falcão de Lima, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 3 de outubro de 2020.