1954 - 2020
Frequentadora de serestas e quermesses, seu maior prazer era se arrumar e sair para dançar.
Divina amou cada filho, cada sobrinho, cada sobrinho-neto, cada irmão e cada cunhado. Amou cada pessoa com que conviveu. Marcou a vida dos familiares e amigos pela irreverência, pelo otimismo, pelo afeto que distribuía. São muitos os predicados de Divininha, como era chamada.
Pela família, Divina era ainda conhecida por apelidos como Baixinha e Jo. Cada apelido carregava uma força de carinho, retribuição por todo o amor que ela dedicava ao outro. Os sobrinhos a chamavam de Babá, “apelido dado pela Lorena, a quem dedicou seu tempo e amor de babá e tia”, relata o filho.
Divina foi pura doação, como mãe, tia e tia-avó. Não teve netos, mas a sobrinha Lidiane, que era como filha para Divininha, atribui a ela o sucesso para a gestação do pequeno Samuel, já que a tia a apoiou e acompanhou nas várias tentativas de concepção assistida.
Outra sobrinha que recebeu o suporte da tia Babá foi Daiane. Divininha abandonou o trabalho como empregada doméstica para cuidar de Lorena e Lara, filhas de Daiane, participando ativamente dos cuidados das sobrinhas-netas quando crianças.
Essa multiplicação de amor chamada Divina foi mãe de dois filhos, Rose e Josirlei. Na juventude, ficou viúva e precisou se reinventar para cuidar dos filhos e passar pela dor do luto. Josirlei afirma que a mãe teve que ressignificar a vida. Foi um período em que buscou refúgio nas leituras dos Salmos, hábito que adotou para o dia a dia no resto da vida. Também foi uma fase de conquista de muitas amizades. Ao longo do tempo construiu uma grande rede de amigos. As maiores companheiras eram, no entanto, as irmãs Maria das Graças e Cida Mariana.
Divina amava se arrumar: cuidava bem do cabelo, das unhas, fazia limpeza de pele, se enfeitava com anéis e brincos, escolhia com esmero os perfumes. "Seu desejo era de ficar linda e poderosa”, relata o filho Josirlei, que ainda enfatiza, “era uma diva!”. A filha Rose era companheira de caminhadas e massagens nos pés. Divina estava sempre atenta aos cuidados com a saúde e de bem-estar.
Muitas vezes a mãe de Rose e Josirlei se arrumava para ficar em casa mesmo. Só que ninguém segurava Divininha quando tinha a oportunidade de sair. Seu maior prazer era dançar. Dançava nas serestas do Clube Itatiaia. “Era uma pé-de-valsa!”, afirma o filho. Corintiana roxa, também amava assistir aos jogos do seu time, e vestia com orgulho a camisa alvinegra, sempre cruzando os dedos durante os jogos para mandar sorte para o Timão.
Dos prazeres de Divininha, ainda há que falar do rádio e das quermesses. Ouvinte assídua de rádio, não perdia um dia de programação. Participava de toda e qualquer promoção - e ganhava em quase todas! Da quermesse, a diversão preferida era o bingo, e era conhecida pela sorte e pelo otimismo. Muito religiosa, costumava rezar a novena, conforme conta o filho Jorsilei, e se emocionava ouvindo músicas relacionadas à religião católica. Tinha muito orgulho do filho padre.
Divina foi essa mulher alegre, que adorava socializar, que gostava de se cuidar e que ainda dedicava tempo e amor para cuidar da família. Jorsilei se lembra dos momentos que passava com a mãe em aconchego e intimidade. Faziam, juntos, vídeos para a família, com o colo da mãe e ela acariciando seus cabelos.
Lembra-se também da intimidade que Dona Divina tinha com as novas tecnologias. Adotou e amou as redes sociais, e sempre que viajava mandava vídeos carinhosos para ele e para toda a família, sem falar dos vídeos de bom dia, repletos de amor de mãe.
Divina nasceu em Ituiutaba (MG) e faleceu em Ituiutaba (MG), aos 66 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo filho de Divina, Josirlei Aparecido da Silva. Este tributo foi apurado por Sonia Ferreira, editado por Bárbara Tenório, revisado por Fernanda Ravagnani e moderado por Rayane Urani em 1 de agosto de 2021.