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Edmar Lira Rodrigues

1968 - 2020

No trabalho, era famoso por nunca perder uma venda; e no tempo livre, amava dançar um forrozinho.

De Icó, sua cidade natal, a Crateús, onde foi acolhido como filho, Edmar sempre fez a diferença por onde passou. Com seu coração gigante e seu jeito íntegro e alegre, conquistava facilmente as pessoas ao seu redor.

Durante toda a sua vida, dedicou-se de corpo, alma e coração à família e aos amigos, estando sempre a postos para o que necessitassem. Filho zeloso, amava incondicionalmente a mãe Luzia e o pai Sebastião. Sua música preferida inclusive era "Pai", composta por Fábio Jr: sempre que escutava, automaticamente pensava em seu grande herói. A família era o seu alicerce, sendo sempre o guia de todos — para tudo o que faziam, pediam a opinião dele. Pai amoroso, era completamente apaixonado pelos cinco filhos: Victória, Emilly, Fernanda, Sabrina e Edmar Filho — suas razões de viver. A eles ensinou valores de humildade, de integridade, de dedicação e de disposição para servir, que serão perpetuados de geração em geração.

A relação com o trabalho era muito especial. Conhecido popularmente como "Edmar da Macavi", seu nome se associava facilmente à loja em que trabalhava. Muito difícil, pensar em Edmar sem Macavi e Macavi sem Edmar. Como Gerente de Vendas, tinha um orgulho enorme de fazer parte dessa loja, nunca tendo perdido uma venda sequer.

Sua disponibilidade em auxiliar os outros começou logo cedo. Na adolescência, participou do LEO Clube de Icó, grupo filantrópico que visa a contribuir individual e coletivamente para o bem-estar e a transformação das comunidades a nível local, nacional e internacional. A dedicação era tamanha que acabou se tornando presidente do clube.

Foi nessa época que conheceu Flávia, mãe de sua filha Fernanda. Os dois participavam desse mesmo grupo, tiveram um relacionamento de doze anos e uma amizade cultivada por toda a vida. "Apesar de não termos casado, tínhamos uma amizade muito forte, um pelo outro. Ele sempre foi um ser iluminado, alguém que tiraria a roupa do corpo para dar ao outro, além de ter uma alegria fora do comum. Também foi um pai muito presente para a nossa filha. Nas férias de julho, ele vinha para Icó e saíam para passeios. Os dois faziam aniversário no dia 14 de julho. Então, ele sempre fazia questão que comemorassem juntos, com bolo, festas e a presença de amigos. Dizia todo orgulhoso que era aniversário dos dois! Mesmo morando em outra cidade, sempre foi muito presente em minha vida e na da minha filha, estando ao nosso lado quando precisávamos. Guardo as melhores memórias ao lado dele e a falta que ele faz no dia a dia é gigantesca", recorda Flávia.

Foi membro do Lions Clube Crateús Sertões, onde foi presidente, e da ARLS Liberdade e Justiça nº 103. Nas duas instituições, participava de ações contínuas de ajuda ao próximo, e exercia seus princípios e valores humanos. Dizia que sua grande realização era servir aos outros.

Fanático por futebol, torcia pelos times do Ceará, pelo Flamengo e pelo Corinthians. Assistia a todos os jogos e fazia questão de que essa paixão estivesse sempre presente em seu dia a dia. Pé de valsa, dançava todos os ritmos, embora seu preferido fosse um bom forrozinho. Nas horas livres, gostava de viajar, de dirigir e de escutar músicas sertanejas e brega.

Dizia sempre que Crateús era sua segunda casa, sendo inclusive homenageado postumamente como cidadão honorário de lá. Todos ficaram muito sensibilizados com a partida tão repentina de Edmar. Durante sua despedida, recebeu diversas homenagens de pessoas que tiveram o privilégio de conhecê-lo, além dos grupos filantrópicos que participou, dos programas de rádio e televisão locais. Em todos os lugares por onde passou, deixou grandes amigos. Ele que sempre fez questão de marcar a vida dos outros de forma positiva, recebeu todo o carinho e a gratidão daqueles com quem conviveu, deixando um legado de que o bem, quando praticado, gera uma poderosa corrente de luz e transformação.

Edmar nasceu em Icó (CE) e faleceu em Crateús (CE), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela amiga de Edmar, Flávia Bernadete Araújo. Este tributo foi apurado por Emily Bem e Andressa Vieira, editado por Thalita Ferreira Campos, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 14 de fevereiro de 2022.