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Elias Camara

1950 - 2020

Paciente e um excelente conselheiro. Adorava comer um docinho e estar com a sua família.

Seu Elias era o conselheiro da família. Se houvesse algum problema afligindo qualquer ente, ele estava pronto para acalmar a situação e colocar panos quentes. As angústias não passavam desapercebidas por esse homem para quem a família sempre foi a maior prioridade. “Ele vinha direto aqui em casa e qualquer coisinha estava sempre aconselhando. Era um pai muito presente para tudo.”, conta seu filho Josiel.

Casado com Dona Maria por 49 anos, pai de sete filhos – Josiel, Daniel, Eliel, Simone, Cacilda, Elismara e Ana Cláudia – e avó de quatorze netos, seu Elias estava acostumado com a casa sempre cheia. “Ele gostava de juntar toda a família, nem que fosse para comer qualquer coisa, queria todo mundo ali ao lado dele.”, lembra Josiel.

Os almoços de domingo sempre foram muito especiais para ele, e jamais teriam a mesma graça ou importância, sem toda a prole ao seu redor. “Ele adorava que a família estivesse reunida. Ele comia muito bem, adorava comer. Almoçava, comia a sobremesa e depois ainda dizia: ‘Vamos comprar um sorvetinho?’”, recorda sua nora Priscila.

Embora apreciasse com muito deleite cada refeição, seu Elias não se aventurava na cozinha; pelo menos não na cozinha de casa. Trabalhou como padeiro em uma padaria durante muitos anos, e conciliava esse emprego com o de motorista de caminhão basculante na prefeitura. Mas não foi o suficiente para ele.

Seu grande sonho era ter a própria padaria. Então, depois de já ter os filhos crescidos e encaminhados, conseguiu realizá-lo. E foi por causa dessa conquista que recebeu o apelido de “seu Elias da Padaria” – como era conhecido por todos da região.

"Pelas manhãs ele ia para a padaria, ajudava a entregar o pão, fazia o cafezinho para servir na padaria, e também aproveitava para tomar o seu. Isso ele fazia todos os dias.”, conta Priscila. Seu Elias e Dona Maria estavam sempre juntos, independente da situação. “Eles eram um casal exemplo a ser seguido. Tinha muito amor entre eles. Ele não fazia nada sem ela e ela, nada sem ele.”, completa a filha.

Três vezes durante a semana, seu Elias participava do culto da Congregação Cristã, da qual fazia parte. “Não tinha uma pessoa que não tivesse estima por ele. Era muito paciente, tranquilo e acolhedor. Uma pessoa maravilhosa, amado por todos da família e da Igreja que congregava. Ele era uma pessoa muito especial. Não tem muito sogro como ele por aí.”, relata Priscila.

Muito brincalhão, seu Elias adorava rir e se divertir com os seus. Uma data que fugisse um pouco da rotina era motivo mais do que suficiente para uma boa comemoração, afinal, nenhum pretexto para uma boa reunião poderia passar batido. “Em qualquer aniversário de alguém da família, ele queria festa, bolo e churrasco. Falava "Não tem que jantar? Então vamos fazer um churrasco para comemorar”, relembra Priscila.

Sempre de boné – já que perdeu os cabelos cedo e não gostava de exibir “sua carequinha”, como falava –, seu Elias da Padaria foi um ser humano de muita luz, com uma alegria contagiante e que transmitiu valores aos filhos que jamais serão esquecidos. Afinal, como ele mesmo dizia “Que nem eu, só tem eu”.

Elias nasceu em Taiúva (SP) e faleceu em Taiúva (SP), aos 70 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo filho e nora de Elias, Josiel Camara e Priscila Superbia. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Marina Teixeira Marques, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 3 de fevereiro de 2021.