1932 - 2020
Sentado na cadeira de balanço verde, Vô Biu tomava café, ouvia rádio e se divertia vendo novelas infantis.
Esta é a homenagem de Andreia para seu avô Elias:
Conhecido como Seu Biu, para os netos era Vô Biu e para mim em particular, Vô Piu. Ele foi o melhor avô que alguém poderia ter. Foi o filho, irmão, esposo, pai, genro, cunhado, sogro, avô, amigo, companheiro e encanador que marcou muitas vidas.
Uma das pessoas mais espetaculares que conheci, amava viver e amava os animais, em especial os cães. Não importava se eram de rua ou domesticados: todos os cachorrinhos gostavam dele, mesmo sem conhecê-lo.
Chegava todos os dias, perto da hora do almoço, e falava a típica frase: “Seu Biu está? Posso esperar por ele?”; daí entrava, sentava-se em sua cadeira de balanço verde com o radinho de pilha no bolso e uma xícara de café na mão e ficava se balançando, enquanto ouvia sua estação predileta.
Depois do almoço, tirava um cochilo e ia andar novamente. Chegava no final da tarde, entrava e ia direto assistir às novelas do SBT, suas preferidas. Não importava qual era, ele simplesmente assistia. As prediletas eram as infantis, como: “Carrossel”, “Carinha de anjo”, “Cúmplices de um resgate”. Não podemos esquecer seu programa favorito, o "Chaves”. Qualquer que fosse o episódio, ele ria como se estivesse vendo pela primeira vez! Eu amava vê-lo rindo. Ele também gostava muito de contar histórias, especialmente suas aventuras da juventude.
Adorava ir à feira central de Campina Grande todos os sábados. Comprava farinha, feijão e rapadura. Aos sábados pegava uma xícara de café e seu radinho e ia catar o feijão e colocar na vasilha, como adorava fazer.
Não houve despedida, não houve o último adeus para aquele vô que amava contar histórias, fazer caretinhas e levar a vida leve e sem medo de ser feliz, mas pelo menos os bonecos de pelúcia do Chaves e da Dona Florinda foram colocados em cima do caixão com quatro rosas brancas para ele não se sentir sozinho.
Deixou muitas histórias! Foi o ser mais espetacular que passou aqui na terra. Faz uma falta imensa e deixou eterna saudade. Foi se encontrar com sua amada mamãe e ser feliz no Céu, virando uma das estrelas mais brilhantes já vistas por lá e cuidando de cada um aqui embaixo.
Elias nasceu em Pernambuco e faleceu em Campina Grande (PB), aos 88 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Elias, Andreia Fernanda Sales da Silva. Este tributo foi apurado por Malu Marinho, editado por Ana Clara Rodrigues Cavalcante, revisado por Paola Mariz e moderado por Lígia Franzin em 13 de abril de 2021.