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Elisabeth Catarina Minetto Schwingel

1957 - 2020

Repleta de amor ao próximo, entregou ao mundo o seu melhor, tendo como alicerce a fé em Deus.

Uma mulher amorosa e incrível em todos os seus papéis. Por ser muito carinhosa, sempre era citada como aquela que “tinha um abraço tão aconchegante, fofinho, macio e com um cheirinho de sabonete o tempo todo saindo dela.”

Carregava consigo sempre uma palavra de conforto e apoio. Estava o tempo todo disposta a oferecer um estímulo, um abraço ou mesmo alguma ajuda material. Vivia pensando em como agradar, como deixar mais feliz aqueles que ela amava; era a sua forma concreta de dizer “eu te amo”.

Com suas filhas e seus dois netos, era ainda mais afetuosa. Depois que se tornou avó, passou de “mamirruxa” a vovó Beth, aquela que sempre acalmava, oferecendo uma palavra de paz, de força, de reconciliação, coragem e fé para qualquer problema. Beth era muito ligada e apegada à família.

Muito comunicativa, onde chegava, fazia amigos rapidamente; com sua alegria, logo puxava assunto e já ia contando os “causos” da cidade.

Extremamente inteligente, aprendia com rapidez tudo o que lhe era ensinado. Fazia questão de saber sobre tudo, e isso fazia com que respondesse facilmente a perguntas de conhecimentos gerais. Era uma daquelas pessoas que querem aprender coisas novas todos os dias e, assim, ela ensinou as filhas não só a brincarem, mas a amarem as leituras e os estudos, como forma de buscarem saber cada vez mais.

Generosa, estava sempre disposta a ajudar todos ao seu redor e surpreendia com sua capacidade de amar o próximo e de dar de si ao outro, com tanto desprendimento e afeto.

Sua bondade não era restrita só às as filhas, que nunca saíam de sua casa com as mãos vazias, ela se estendia a todos. Certa vez, sua filha Isabella foi visitá-la e ela contou que havia comprado quatro cobertores novos e que um deles, era para ela. Quando indagada sobre o destino dos demais, ela respondeu: "Um é para mim e para o pai. Os outros dois são para duas senhorinhas pobrezinhas que conheci; tá chegando o frio. Então comprei para elas e vou levar lá depois".

Beth sempre foi assim, desde pequena e, como mãe, ensinava sobre partilhar e amar o outro por meio de seus gestos de generosidade. As dores e as dificuldades pelas quais passou nessa vida, nunca a fizeram desmoronar porque tinha confiança e fé inabaláveis em Deus. Dizia que ele iria sempre cuidar de tudo, que "Deus sabe o que faz filha e a gente tem que aceitar".

Apaixonada pela educação e pelos alunos, era conhecida como Professora Beth. Durante os seus 42 anos de profissão fazia muito mais do que lhe cabia. Virava amiga dos alunos, insistia na educação deles, comprava materiais escolares do próprio bolso e passava horas em casa preparando atividades para eles, porque acreditava que a educação e o conhecimento podem transformar o mundo.

Gostava muito de comer e, ao mesmo tempo, era uma cozinheira inigualável que estava sempre disposta a fazer aquela comida caprichada. Como boa italiana falava alto e sempre achava um motivo para cozinhar. Sempre que queria agradar com suas gostosuras perguntava sorrindo: “Filha o que vocês querem comer? A mãe faz!". E lá vinha o frango com polenta, a cuca, o pudim, o macarrão com calabresa, o risoto, a sopa de galinha, e as massas. Ela fazia um macarrão e um rolo de abóbora incríveis!

Artista, amava o artesanato. Fazia crochê de todos os tipos, bordava em ponto cruz e também costurava bastante. Seus trabalhos manuais se encontram em todo canto das casas das filhas.

Além da comida e da arte, tinha algumas outras paixões: Amava o Roberto Carlos e possuía todos os seus CDs do cantor. Era apaixonada pelo seu cãozinho Pitti a ponto de se denominar “mamain do Pitti” e um dos seus últimos pedidos foi para que Isabella cuidasse muito dele.

Beth para sempre será amada e lembrada pela amorosidade que espalhava.

Elisabeth nasceu em Tenente Protela (RS) e faleceu em Cuiabá (MT), aos 62 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Elisabeth, Isabella Schwingel Guarda. Este tributo foi apurado por Hélida Matta , editado por Vera Dias, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 10 de março de 2021.