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Eloína Moura dos Santos

1953 - 2021

Devota da Virgem Maria, fez da fé dentro de si um sol que nunca se punha.

Se este tributo tivesse um fundo musical, seria “Manhãs de Setembro”, música de Vanusa e que Eloína cantarolava com frequência. Pernambucana de Caruaru, onde nasceu e viveu por toda sua vida, era cheia de sonhos. Contemporânea da Jovem Guarda, era fã de Jerry Adriani e de Vanusa, cujas músicas embalaram o namoro. Adulta, gerou três filhas, cujos nomes se iniciam com a letra V: Vania, Valéria e Viviane. As meninas, hoje mulheres adultas, foram a maior alegria da vida dela.

Tia Ló, como era carinhosamente chamada pelos sobrinhos, nunca abriu mão da alegria e do “dar a volta por cima”. Nas “manhãs de Setembro”, Vanusa fala “eu quero sair, eu quero falar, eu quero ensinar o vizinho a cantar”... Eloína saía, falava, e, como professora dos anos iniciais, foi referência na vida de muitas, muitas crianças, as quais ensinou e que foram alfabetizadas por ela utilizando o método Paulo Freire. “Mamãe era professora por vocação, amava o seu trabalho”, diz Valéria, também professora e especialista em História do Brasil. O amor pela profissão influenciou não apenas Valéria. Viviane, a caçula, também seguiu os passos da mãe. Vania, a primogênita, optou pelas Humanas, atuando na área de recursos humanos e como doula. “Ela era uma excelente professora primária. Gostava de dar aulas, de ver seus alunos aprendendo”, lembram suas filhas.

De bem com a vida, superando dificuldades, Eloína acreditava que viver é a maior dádiva humana. Nas horas de folga, gostava de ler a Bíblia, devota da Virgem Maria que era. “Ela sempre foi muito católica, orava, fazia novenas, participava de procissões e ia à missa sempre que podia”, conta a filha do meio. “Mamãe nunca abriu mão de viver. Na pior dificuldade, achava que a vida valia muito a pena”, frisa.

Tanto quanto a vida, tinha outra coisa que Ló apreciava muito: um bom cafezinho. “Ela gostava demais! Era puro café... Tomava a bebida de manhã, no almoço, no jantar e até de madrugada”, recordam as filhas.

Envoltas em saudade, suas filhas refletem e escrevem como gostariam que a mãe fosse lembrada pelos descendentes que ainda virão: “Ela foi um grande exemplo de fé em Deus, força e resiliência. Tudo o que somos e fazemos de bom na vida, é graças aos seus ensinamentos”, resumem, enfatizando que é assim que todos que (con)viveram com ela a têm em pensamento e sentimento.

Eloína nasceu em Caruaru (PE) e faleceu em Caruaru (PE), aos 68 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Eloína, Valéria Cristiane Moura dos Santos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Patrícia Coelho, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 21 de dezembro de 2021.