1955 - 2020
Apaixonada por ensinar e cuidar, ela representa todas as professoras, esposas, mães, irmãs, avós e servas de Deus.
Ester, Teia, Vovó Teté ─ independentemente de como a chamassem ─, era o tipo de pessoa que você nem precisava pedir socorro. Apenas pelo olhar, ela já sabia do que se tratava.
Mãezona e com o dom de cuidar, escolheu a Pedagogia para exercer o seu amor pelo próximo. Sua paixão foi a responsável pela sua trajetória desde que era professora até se tornar diretora de uma das melhores escolas públicas do estado.
Ela era aquela que puxava a orelha, que dava medo ao ser chamado à sua sala; mas também era aquela que acolhia e ensinava, sempre com uma palavra de carinho e um colo amoroso.
Irmã mais velha de 14 irmãos, foi a mãe de todos. Deu banho, comida, acompanhou nas lições de casa e, sobretudo, ensinou como viver feliz e confiante.
"Nunca vi Ester triste, mesmo diante de todas as adversidades havia sempre em seus lábios um sorriso e uma palavra doce a oferecer", conta Enéas, seu irmão.
Agora vem a parte da Ester esposa: Casou com o grande amor da sua vida e viveram juntos durante anos. Quando a doença acometeu seu companheiro, ela largou tudo e foi viver em função do seu bem-estar. Entre internações e tratamentos, Ester e Cosme lutaram bravamente contra todos os diagnósticos que teimavam em reduzir sua vida. E, com muita força e garra, Ester transformava a jornada num passeio, sem reclamar ou lamentar.
Mãe de três homens e uma avó coruja, daquele tipo que dizem estragar os netos de tanto paparico e mimo, não faltava espaço para beijos e grudas ─ aquele abraço apertado ─ e o cheirinho no pescoço, sua marca registrada.
Apaixonada por flores, sempre desejou fazer um jardim na casa de praia, mas a correia do dia a dia nunca permitiu que seu desejo fosse colocado em primeiro lugar.
Sempre cuidando de tudo e de todos, deixou para cuidar de si quando já era tarde demais e, mesmo assim, ao chegar ao hospital meio que a contragosto, pois ela mesma não se permitia adoecer, e vendo a gravidade do quadro, manteve-se otimista e confiante. Não deixou nem por um momento que seu sorriso e sua fé fossem abalados. Durante o período em que esteve internada, Cosme, seu amor, partiu para a eternidade.
A família já planejava como seria seu retorno ao lar: teria uma carreata em homenagem a ela, fariam o percurso do hospital até sua casa com queima de fogos, faixas de "boas-vindas, guerreira", flores e tocariam seu louvor preferido. Os irmãos já haviam sido mobilizados, os amigos foram avisados, os alunos da escola estavam ansiosos ─ fizeram até desenhos. "Mas, as coisas não são como planejamos e, estar aqui, sem Cosme, seu companheiro de vida, seria duro demais para ela", diz o irmão.
"Ester foi fazer o que sempre fez, foi cuidar do seu grande amor e, não duvido que está agora cuidando de todos nós! Agora só teremos as lembranças doces do seu sorriso e da sua fé. Descanse em paz. Você será pra sempre amada e lembrada", finaliza Enéas.
Ester nasceu no Espírito Santo (ES) e faleceu no Espírito Santo (ES), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo irmão de Ester, Enéas Gonçalves Lemos. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 16 de dezembro de 2020.