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Fábio Edson Teixeira de Freitas

1986 - 2021

Habilidoso e receptivo, arrumava qualquer pretexto para receber os amigos em casa com um belo churrasco.

Fábio aprendeu cedo a ir atrás do que queria. Com a perda da mãe ainda bem jovem, precisou sair da roça onde vivia para morar na cidade, trabalhar e buscar o sustento da família. Eram ele e os cinco irmãos. Acabou deixando os estudos de lado. No entanto, antes mesmo de completar 30 anos, ousou e abriu seu próprio negócio: uma fábrica de calçados. A essa altura, já estava casado com Fernanda, a quem foi apresentado por intermédio de amigos. A esposa incorporou o projeto profissional, com apoio e parceria. Do amor do casal nasceu Heloísa, seu apego maior.

“Foi uma pessoa muito guerreira a vida toda, sempre batalhou para ter tudo o que teve”, reconhece a amiga e ex-funcionária Rayane. Segundo ela, as conquistas de Fábio, como a família, a casa própria, o carro, a empresa e o bem-estar, não o fizeram se esquecer de sua origem e o começo difícil da jornada.

Gentil e amável, Fábio nunca perdeu o carinho e o respeito pelas pessoas ao seu lado, fossem elas funcionários, familiares ou amigos. O jeito bondoso e honesto não permitia provocar mágoas. “A gente até brincava que ele voltava magoado pra casa, mas nunca saía de casa pra magoar ninguém”, relembra Rayane. Sabia exercer a democracia nas meras decisões do seu cotidiano. Se pensava em um projeto novo para a fábrica, lá ia Fábio consultar sua equipe, perguntar a opinião de cada um e ver se todos estavam de acordo. Ele sempre se importava com o que os outros pensavam e sentiam; era exemplar em tudo o que se propunha a fazer.

De personalidade bondosa, Fábio também manifestava uma felicidade contagiante. Inclusive quando as coisas pareciam estar ruins, arrumava um jeito de levantar o astral mesmo que fosse com uma piadinha sem graça. Além disso, usava qualquer motivo como pretexto para logo acender a churrasqueira e assar carne para sua turma. “Ninguém no mundo fazia um churrasco melhor do que ele”, brinca a amiga. Nas horas vagas, ainda gostava de andar a cavalo e de jet-ski.

Rayane volta a falar com seriedade e declara com afeto: “é até difícil aceitar que alguém muito especial, com um amor tão grande pela vida, partiu assim, cedo demais, mas Fábio era uma pessoa de luz”.

Fábio nasceu em Poté (MG) e faleceu em Nova Serrana (MG), aos 33 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela amiga de Fábio, Rayane Ramos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Fabiana Colturato Aidar, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Ana Macarini em 26 de março de 2023.