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Filomeno Maximiano Dutra

1938 - 2020

Era o senhorzinho que, com alegria, andava de chapéu de vaqueiro pela feira.

Vovô Filó, como gostava de ser chamado por seus netos e bisnetos, era uma pessoa altruísta, alegre e tinha um coração imenso. Generoso e empático, sempre se colocava no lugar dos outros, sentindo as alegrias e também o sofrimento do próximo.

Desde que veio do interior para a capital do Maranhão, com sua esposa e os 11 filhos, trabalhou como comerciante para sustentar a família. Seja pelo comércio, pelas festas e ou pelos passeios na feira que ele adorava, Filomeno era muito conhecido no bairro. Ele era o senhorzinho que andava de chapéu de vaqueiro pela feira, e tal fato era como sua marca registrada. Os familiares se divertem dizendo: "Brincávamos com ele dizendo que, se ele se candidatasse a prefeito, ganharia a eleição apenas de votos dos seus amigos do bairro."

Com orgulho, Filomeno deixou aos filhos aquilo que considerava a maior herança: a educação. Ele foi um pai amoroso e cuidadoso, um avô e bisavô coruja. Protegia seus familiares sempre, e isso não lhe era um esforço. Sabia a hora de ser rígido, porém, sem rispidez. "Tenho lembranças de lhe pedir bombons quando o visitava e ele sempre me dava", saudosa, a neta Isis relembra.

Em seu aniversário de 80 anos, pediu aos filhos e netos um aniversário com o tema "Boteco do Filó". Filomeno Dutra amava dançar. "Esse aniversário foi apenas mais um pretexto para dançar agarradinho com sua esposa, a Vovó Chica. E ele nos ensinou muito bem essa tradição: em todas as festas de família temos que colocar um paredão para todos dançarem”, afirma Isis, que ainda complementa: "O Natal era uma das datas mais importantes na família. Abrigava não só a nossa família, mas todos que ele tinha no seu coração.”

Homem de muita fé, Filomeno rezava diariamente por todos os que conhecia e amava; e esse comportamento que foi incorporado pela neta: “Quando ele faleceu, passei a honrar o seu costume: rezo todos os dias por ele lá no céu, e também por todos aqui na terra". E finaliza o tributo com uma frase do Papa Bento XVI: “Hoje nós enterramos os seus restos na terra como uma semente da imortalidade. Os nossos corações estão cheios de tristeza, mas ao mesmo tempo de uma alegre esperança e de uma gratidão profunda.”

Filomeno nasceu em Anajatuba (MA) e faleceu em São Luís (MA), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela neta de Filomeno, Isis Hádria Amorim de Carvalho. Este tributo foi apurado por Ana Macarini e Ana Helena Alves Franco, editado por Denise Stefanoni, revisado por Luana da Silva e moderado por Rayane Urani em 9 de novembro de 2021.