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Francisca Rodrigues Duarte

1946 - 2020

Extrovertida e dona de uma gargalhada única, Tia Neném adorava dançar forró, cozinhar, cuidar de sua família e de suas plantas.

Naturalmente descontraída e risonha, Francisca dizia que a mulher precisava ser independente. E assim ela foi na vida. Batalhou e correu atrás dos seus objetivos.

"Minha mãe sempre foi muito à frente do seu tempo, a primeira mulher empoderada com quem tive contato", diz a filha Tatiana.

Mãe, esposa e avó dedicada, ela possuía um coração enorme e emotivo. De tão protetora, seu lema sempre foi ajudar a família, que a chamava de tia Neném.

Tatiana conta que, um dia antes da internação, parecia até uma despedida, pois todos os irmãos estiveram com ela.

Como uma boa cearense, Francisca adorava dançar forró. Já em casa, ela preferia assistir televisão e cozinhar, o que, aliás, fazia muito bem. Quando elogiavam sua comida, ela ficava toda convencida.

As plantas e a vida na roça eram suas outras paixões. Com frequência ia para a chácara, onde não descansava nunca. Mexia com a terra e se dedicava a deixar tudo por lá do jeito que ela gostava.

Porém, desde a chegada de Arthur, em 2016, nenhuma outra paixão ganhava do neto.

A filha relembra que o sonho dela era acompanhar seu crescimento. “Será que vou ver o Tutu se formar na faculdade?", costumava perguntar a avó coruja, cujo último pedido foi: “Deus, me dá mais uma chance para viver?”

Francisca nasceu em Crateus (CE) e faleceu em Brasília (DF), aos 74 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Francisca, Tatiana Martins. Este tributo foi apurado por Denise Pereira, editado por Mariana Quartucci, revisado por Lícia Zanol e moderado por Rayane Urani em 11 de dezembro de 2020.