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Francisco Alves

1942 - 2020

Após sua partida, a calçada da Avenida Chanceler Edson Queiroz jamais será a mesma.

Existem pessoas que serão para sempre lembradas devido à alegria que exalaram durante suas estadias em nossas vidas. Francisco é uma delas. Danilo também.

Francisco e Danilo são o mesmo homem. Nele, ser tão especial, não cabia somente um nome. Seu apelido, Danilo, nasceu de uma teimosia: sua mãe queria Danilo, mas seu pai o registrou, no cartório, como Francisco. E aí o mundo quis teimar de novo e decidiu fazer com que o chamassem de Danilo.

Engana-se quem pensou que ele seria conhecido apenas por Danilo — ou Francisco. O cearense se tornou memorável graças à amizade fácil que fazia com qualquer um que passasse pela calçada de sua casa, onde ele sentava para fazer um monte de gente sorrir.

Exerceu, por muitos anos, a função de motorista de ônibus. Ao se aposentar, decidiu auxiliar a esposa em sua lanchonete. A pequena cidade de Cascavel gargalha até hoje ao se recordar dos cochilos que ele tirava, em frente à mesma lanchonete, por acordar muito cedo para trabalhar. Ele divertia os clientes.

Suas verdadeiras paixões foram a família e os carros que possuía. Dentre eles, a D20 preta que foi a responsável por levá-lo até a Bolívia e o seu buggy vermelho que usava para as idas ao centro para fazer compras, pegar seu neto Felipe na escola e ir à missa, aos domingos.

"Vou lembrar para sempre do beijo que eu dava em sua careca ao chegar e ao sair. Sonho com sua voz dizendo: "já vai meu filho? Tá, vá com Deus, até amanhã né?", relata o filho Inácio.

Deixou um irmão, esposa, seis filhos, nove netos e cinco bisnetos.

Francisco nasceu em Cascavel (CE) e faleceu em Cascavel (CE), aos 78 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho de Francisco, Inácio José Barbosa Alves. Este tributo foi apurado por Vitória Freire, editado por Vitória Freire, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 9 de agosto de 2020.