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Francisco Maia da Silva

1940 - 2021

Com amor ensinou os filhos a serem fortes, terem sabedoria e correrem atrás dos seus sonhos, como ele mesmo fez.

Francisco foi uma presença de luz, amor, sabedoria e alegria contagiante como esposo, pai, irmão, tio, avô, bisavô, cunhado, sogro e amigo de todos!

Ele amava suas origens e sua terra natal, Fortaleza.

Durante a vida, trabalhou em diversos ofícios, de engraxate a guia turístico, árbitro e treinador de futebol — seu esporte favorito. Foi num deles, como vendedor de livros, que um dia bateu à porta da casa de Rosimare, em Florianópolis, e por ela se apaixonou perdidamente. Casaram-se e formaram uma grande família. Os seis filhos do casal — Janaína, Jaqueline, Josemeri, Gisele, Gislaine e Ivan Yuri — somados aos outros três filhos de Francisco, de relacionamentos anteriores — Jovane, Irani e Patrícia —, garantiam-lhe uma prole considerável.

O trabalho, além de ter lhe trazido o grande amor de sua vida, mantinha o brilho do seu olhar, especialmente quando atuava como guia turístico em sua cidade natal. Por meio dele fez diversos amigos, compartilhou inúmeras histórias e se divertia a valer. O seu jeito prestativo e acolhedor o tornava amado por todos!

Em Criciúma, encontrou-se na função de treinador de futebol amador, ganhando vários títulos e se tornando muito querido. Ali conhecia todo mundo e todos o conheciam. Curiosamente, em cada lugar era chamado por um nome: Maia, Chico, Niterói, Francisco, Ivan, Cabeção. “Aonde íamos, ele sempre encontrava algum conhecido", conta a filha Gisele.

Homem sábio, extrovertido e trabalhador, para ele a felicidade consistia em ver sua família reunida para um saboroso churrasco. Nessas ocasiões, contava diversas histórias e lembranças de viagens a trabalho na sua querida Fortaleza: do trabalho como guia turístico, dos carnavais e de pessoas divertidas que lá conhecera e do que as tornava um povo simples e feliz.

Um piadista nato, colecionava um repertório de histórias divertidas e inusitadas. Certa vez, no velório de um parente, reuniu pessoas em roda e começou a contar piadas, trazendo um pouco de leveza para um momento tão triste.

Gisele também se recorda de um episódio cômico que viveu ao lado do pai: "Em uma de nossas pescarias, ao pescar um muçum, pensei que fosse uma cobra. Desesperada, saí correndo entre as dunas com o peixe pendurado na vara. Ele também correu assustado até nos darmos conta de que se tratava de um peixe diferente! Então, caímos na gargalhada".

Torcedor do Vasco da Gama, suas comidas favoritas eram empadão de frango e sorvete de flocos, que, inclusive, foi seu último desejo. Entre algumas de suas músicas favoritas, estava "Detalhes", interpretada por Roberto Carlos. Depois de sua partida, alguns trechos fazem mais sentido do que nunca para Gisele:

[...] "Durante muito tempo em sua vida
Eu vou viver
Detalhes tão pequenos de nós dois
São coisas muito grandes pra esquecer
E a toda hora vão estar presentes
Você vai ver".

E a filha termina sua homenagem dizendo: "O seu grande sonho era ver todos os filhos felizes e realizados. Dentre os inúmeros ensinamentos que ele nos deixou, estão o de que a família precisa ser unida e amorosa, de que precisamos correr atrás do nosso sustento e de que Deus sempre estará à frente de tudo. Basta ter fé!"

Francisco nasceu em Fortaleza (CE) e faleceu em Içara (SC), aos 80 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Francisco, Gisele Simas da Silva. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Larissa Reis em 1 de dezembro de 2022.