1956 - 2020
Um bom vinho na mão e entre mil livros, contar histórias era um prazer para quem se alimentava de vida.
Amigos se amam. E o sentimento é ainda maior quando o amigo tem o amor pela vida que Medeiros tinha. É com essas palavras que Cláudia começa uma bela homenagem a seu querido amigo de longa data.
Medeiros, como era conhecido, não nasceu em Baturité, mas abraçou a cidade como sua morada. Foi onde ele e Cláudia se conheceram e consolidaram uma linda amizade.
Ele chegou à cidade solteiro e lá formou sua família. Com a esposa Lucrécia tiveram Géorgia, uma linda menina especial, hoje com 13 anos.
Cláudia conta que Medeiros gostava demais de estudar e ler. "Meu amigo era extremamente inteligente e intelectual. Tinha uma verdadeira biblioteca em casa, como um bom amante da literatura."
Não foi à toa que formou-se em duas graduações e exercia ambas. Dividia-se entre as atividades de dentista e advogado com muita competência.
Além dos livros, Medeiros era grande admirador de músicas clássicas e bons vinhos.
Como bom leitor que era, a escrita foi uma consequência natural. E para ele, então, era um prazer. Uma das histórias lindas que deixa foi escrita para a bela filha Geórgia, em 04/09/2018.
"CRONIQUETA – MINHA FILHA
Quando Geórgia invade o escritório, chega de surpresa e cai nos meus braços e na velha poltrona que comprei em uma loja de móveis usados. É quando me faz esquecer dos livros nas estantes, dos retratos na parede, da minha história e de tudo que passei. Vem a lembrança do seu avô, que partiu tão cedo e que tanto perguntava por ela. Invade a sala o medo de perdê-la, ou pior que isso, de não estar por perto quando ela de mim mais precisar."
Cláudia descreve mais do amigo, despedindo-se com carinho: "Ele era muito querido por todos, sempre simpático e superengraçado. Entender por que a vida o desabraçou, sabendo o quanto ele se esquentava em sua chama, é um tormento sem fim. O mundo ficou mais triste sem seu sorriso.
Penso como ficarão as calçadas sem seu caminhar e se as pessoas que usarão suas camisas estampadas conseguirão imaginar como ele era feliz, cheio de esperança e um bom contador de histórias. Não há respostas fáceis, só saudade.
Pelo que eu conhecia de sua alma e coração, a esta altura, ele deve estar na fila do céu esperando para entrar. Às vezes me pergunto o porquê dessa partida, mas não cabe a mim questionar. Sei que um dia Deus irá sussurrar em meu ouvido que a decisão coube somente a Ele, mas que acolherá nosso amado Medeiros em uma de suas muitas moradas. E ele, de lá de sua janela, olhará por nós. Adeus, amigo eterno."
Francisco nasceu em General Sampaio (CE) e faleceu em Baturité (CE), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela amiga de Francisco, Claudia Maria Maciel Lopes. Este tributo foi apurado por Jéssica Avelar, editado por Denise Pereira, revisado por Otacílio Nunes e moderado por Rayane Urani em 19 de setembro de 2020.