1954 - 2020
Seu abraço era pura proteção. Preocupava-se com todos.
Francisco ou Gaiola, como todos o conheciam, era brincalhão e, às vezes, bruto que chegava a ser engraçado. Gostava de pilotar e de brincar de bola com os netos.
Era pedreiro dos bons e, com essa profissão, criou os quatro filhos e ajudou a criar os oito netos.
Francisco era preocupado com o bem-estar de todos que lhe rodeavam. Pode não ter sido o melhor pai do mundo, mas, como avô, alcançou sua melhor versão e todos notaram. Era dedicado e brincalhão com os netos.
Era viúvo e morava sozinho, um homem muito independente. Sempre que chegava na casa de um dos filhos, costumava brincar quando via algo interessante, dizendo que aquilo era dele. "Ele fazia isso pra irritar mesmo a gente!", conta a filha Marília.
"Houve um episódio envolvendo um amigo meu e do meu irmão ─ o Artaxerxes ─, o garoto foi dormir lá em casa e meu pai tinha a mania de acordar a gente muito cedo. Nesse dia, ele nos acordou como de costume e deixou nosso amigo dormindo um pouco mais. Como o nosso amigo era um sujeito bastante folgado, meu pai voltou de suas compras às 8h da manhã e foi logo tratando de acordar o Artaxerxes também, que olhou para o meu pai e respondeu: 'Seu Chico, como é que o senhor vem me acordar às 8h da madrugada?!' Meu pai ficou louco com aquilo e com mais detalhes da história que nem convém contar aqui", diz Marília rindo com a lembrança.
Por ser diabético e hipertenso, sua preocupação com os remédios chegava a ser engraçada.
Ele foi bom em seu papel de pai, de filho, de irmão e de esposo, mas foi formidável com cada um de seus netos, todos eram apaixonados pelo Vô Chico.
Francisco nasceu em Fortaleza (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 66 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Francisco, Marília Maciel Rodrigues. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 17 de dezembro de 2020.