1951 - 2021
Orgulhava-se de ter participado da construção de quase todas as obras públicas de sua cidade.
Na cidade baiana onde nasceu, ele era muito conhecido como o Litinho da Prefeitura, por ter trabalhado nela como Mestre de Obras por quase a sua vida inteira.
Com seu trabalho pôde ajudar muitas famílias carentes com reformas de casa. Além disso, teve participação ativa na construção de quase todas as obras importantes da cidade, como postos de saúde, escolas, saneamento, dentre outras. A pracinha na frente da sua casa e o ginásio de esportes eram as obras que ele apresentava orgulhoso.
Era feliz, cheio de vida, amava viver, curtir, fazer caminhada pela manhã e pedalar no período da tarde. Seu prazer era reunir a família e os amigos em sua casa todas as sextas-feiras, para comemorar aniversários ou outras datas. Para ele, tudo era motivo de festa! Nestes encontros o prato principal era sempre o churrasco — que ele mesmo se encarregava de preparar — e também não podia faltar a cervejinha preferida.
Gracielito apreciava uma amizade carinhosa com a vizinhança, era amante de esportes, em especial de futebol e futsal, e atuou em várias atividades no Juventus Futebol Clube, que publicou uma carinhosa nota de pesar por seu falecimento. Tinha um gosto apurado para o forró, e Amado Batista e Edigar Mão Branca eram os seus cantores favoritos.
Teve nove irmãos e era o preferido de todos eles: José Barbosa; Wilson, que morreu sete dias antes dele também vítima da Covid-19; Epaminondas, Edivande, Edimilson, Jorge Luiz, Paulo Sérgio, Jailson e Rubenilda.
Casou-se com Maria Alice e viveram juntos por quarenta e cinco anos. Eles eram vizinhos, na infância, acabaram se apaixonando e, assim, ele foi o primeiro namorado e o único homem da vida dela. Os dois eram inseparáveis, verdadeiras almas gêmeas, e a relação com a família dela era tão íntima e amistosa, que pareciam todos da mesma família consanguínea, tendo os cunhados como irmãos.
Gracielito fazia as atividades da casa, como a limpeza, a lavação da louça e também cozinhava. Ele cuidava da esposa com muito amor e, à noite, sempre fazia algo para comer e a servia no sofá ou na cama. Desse amor nasceram cinco filhos, dos quais quatro estão vivos: Vera Lúcia, a mais velha; Erivelton, Eronildo e Gabriela; e cinco netos: Glauber, Maria Cecília, Maria Elisa, Maria Ellen e Matheus. Para as filhas, era um homem completo, o sonho de qualquer mulher, filha, filho, sogro e sogra. Externava seu amor incondicional pelos filhos e netos nos encontros e festividades. “Ele amava a todos com suas diferenças”, diz Vera Lúcia.
Gabriela e Vera se recordam das demonstrações de carinho do pai: todos os dias ele fazia o lanche para as filhas levarem para o trabalho; todo ano ele fazia questão de celebrar e comemorar o aniversário delas; e quando precisavam ficar acordadas para estudar, ele fazia mistura de refrigerante com café, porque dizia que era “bom para manter acordado”. Elas também se recordam que, quando ficavam doentes, ele pegava o secador para aquecer o local onde doía ou o local onde iriam dormir.
Elas dizem que ele foi surreal em todos os aspectos e que fariam textos sem fim sobre ele. E arrematam: “O pai foi aquele ser humano que fez tudo por nós e nunca deixou faltar nada; que vibrava quando alcançávamos os nossos sonhos; que nunca nos deixou faltar amor e que nos fez crescer aprendendo sobre amar ao próximo, sobre ser bondoso, sobre ajudar as pessoas, sobre sermos empáticos, educados, simpáticos. Tudo isso ele nos ensinou. Com certeza foi o melhor homem e ser humano que Deus nos deu o prazer de conhecer e de sermos seus filhas e filhos.
"Ele nos ensinou praticamente tudo, e tudo o que somos devemos a ele. Ele sempre foi e sempre será o pilar da família e embora se diga que os pais criam os filhos para o mundo, sempre foi confortável ter nosso pai como nossa âncora, o nosso lugar de refúgio e de segurança. O ser humano mais lindo por dentro e por fora. Finalizo dizendo que se nós, os filhos, conseguirmos ser a metade do que ele foi teremos conquistado o nosso maior sonho e objetivo.”
Gracielito nasceu em Barra do Choça (BA) e faleceu em Barra do Choça (BA), aos 70 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Gracielito, Vera Lucia Barbosa Gomes. Este tributo foi apurado por Daniel Ventura Damaceno, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 25 de março de 2022.