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Guilherme Antônio Kellermann Ross

1964 - 2021

Conversar com ele era uma massagem para a mente; seu humor leve fazia bem e aquecia o coração.

Desde jovem, aprendeu que "amar é cuidar" e assim o fez. Ele se doava em tudo que fazia. Cuidou da mãe e dos irmãos, e seu instinto paterno era tão grande, que se dividiu em pedacinhos: seus cinco filhos, que o amam incondicionalmente.

Tonho, como também era chamado, tinha muitos amigos e toda vida foi uma pessoa feliz. Sua bondade sempre elogiada e sua presença sempre solicitada.

Apesar de responsável por todos, era muito livre. Quando sentia que tudo estava indo bem, se permitia uma vida de passarinho: ia para onde queria, levando com ele toda a sua simpatia, conquistando gente por todo lado.

Passou por poucas e boas durante a vida: perdeu seu pai, um irmão, a visão de um olho e mesmo assim vivia intensamente, com muita força.

Ele era alegre e amava se divertir. Contava piadas, histórias, inventava danças, sempre tentando fazer sorrir.

Tinha muitas paixões! Era um ótimo jogador de futebol e um cozinheiro admirado. Amava praia, principalmente se tivesse uma cervejinha junto. Nos bailes, era sempre o último fandangueiro a sair — se deixassem, dançava até o sol raiar.

“Ele foi o coração mais bonito que tive o privilégio de conhecer", diz a filha Karla. "Cada detalhe da passagem dele aqui neste mundo foi para ensinar sobre o amor, da sua forma mais pura. Não havia quem não se encantasse com aquele sorriso tão lindo, meigo, feliz. Feliz tenho certeza de que ele era e muito”.

“Como filha, eu o admirava, meu herói, meu ídolo. Nossa relação de pai e filha era muito mais uma parceria, amávamos passar nosso tempo junto, assistir a filmes, comer lanches, tomar o tão amado açaí que ele fazia, partilhar nossos dias tomando café da tarde.”

“Tínhamos uma rotina bem simples, mas que vou sentir saudade até o último dia da minha vida. O pai foi tudo isso e muito mais. Quem dera fosse mais fácil aprender sobre empatia, pois quando eu crescer eu quero ser como você, pai”.

Karla conclui dizendo: “Era impressionante o quanto estava sempre aprontando e procurando por novas aventuras. Uma casa na praia, seu último sonho, que por muito tempo batalhou para conseguir, não pôde realizar. Não se preocupe, paizinho, vamos te levar para a praia, espalhar tuas cinzas e tu vais voar como nunca! Te guardo no peito, para toda vida. Um privilégio ser tua filha”.

Guilherme nasceu em Esteio (RS) e faleceu em Esteio (RS), aos 56 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Guilherme, Karla Kellermann Ross. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 9 de janeiro de 2023.