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Haroldo Cordeiro Filho

1945 - 2020

Gostava de passar o tempo de um jeito peculiar: pintando a sua casa e a dos amigos.

Conhecido carinhosamente por amigos e familiares por Haroldico, Haroldinho.

Haroldo conheceu a sua esposa Marilene – a chamava de Lena - em um baile feito no Clube da Urca, na cidade de Curitiba, década de 60. O filho Hilton recorda de como seu pai gostava de brincar com essa história: “Eu estava no baile e a Lena num andar de cima do clube, olhando a pista de dança e, de repente, os nossos olhares se cruzaram. Ela ao me ver quase se jogou”. Isso era motivo de risos na família. Essa história deu fruto a três filhos: Hilton, Luciano e uma filha que faleceu.

Casados desde 1968, construíram uma vida de alegrias e superações.
Haroldo tinha dois netos, filhos do seu filho Luciano: Luan e Mariana. O filho relembra saudoso: “Quando Luan era criança, o pai e a mãe levavam ele para os treinos na escolinha de futebol do Coritiba.” E acrescenta: “O pai foi torcedor de carteirinha do Coritiba e quando jovem assistia muito aos jogos no estádio com seu avô."

Trabalhou arduamente por 35 anos na empresa telefônica Telepar e foi por meio deste emprego que proporcionou o sustento da casa e uma vida confortável para a família.

Pessoa extrovertida que gostava de jogar uma bolinha, de contar piadas, de pescar. Apreciava fazer churrascos e recepcionar os amigos no seu lar. No veraneio amava ir para praia com a família.

Aos 52 anos se aposentou e começou a fazer atividades que lhe davam prazer e bem-estar, como criar passarinhos e pintar sua casa e a dos amigos. Pela manhã, saía para comprar jornal na banca, passava por seus amigos e ali ficava contando e escutando histórias. Nos dias de cortar o cabelo, ia pela manhã e só voltava próximo ao almoço - gostava de prosear com os amigos nesses dias também. Fazia parte do Grupo ECO – grupo de amigos aposentados, criado em 1992 e que existe até hoje. Na sexta–feira combinavam de jogar futebol. Uma vez por mês, eles trocavam o futebol por um bom churrasco. Haroldo assava uma costela saborosa para os amigos; isso era sua diversão para o grupo.

O filho relembra uma história engraçada da infância: "Eu e Luciano à tarde gostávamos de brincar na rua com os nossos amigos e o pai chegava do trabalho, ia até a esquina da rua e assobiava, que era o sinal de parar a brincadeira e irmos para casa. E o pai dizia: 'Eu vou assobiar e voltarei para casa, irei andar devagar e vocês tem que subir correndo para entrarem em casa antes que eu entre'. Senão, não poderíamos mais sair e o chinelo corria". Isso era motivo de risos e diversão. E o filho acrescenta: “Nos churrascos feitos em casa, o pai assava a carne e ia dormir. Como o quarto dele dava acesso à churrasqueira, na madrugada, na hora da divisão da conta, seu Haroldo gritava: 'Amanhã vocês voltam a fazer a divisão porque agora vocês não irão conseguir fazer nada'. Meu pai era um brincalhão”.

No ano de 2014, foi diagnosticado o Alzheimer. Sua esposa foi a pessoa que esteve ao seu lado, cuidando e ajudando no que precisasse.

Haroldo deixou um grande exemplo de superação a todos que o conheceram.

Haroldo nasceu em Curitiba (PR) e faleceu em São José dos Pinhais (PR), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho de Haroldo, Hilton Pereira Cordeiro. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Thalita Ferreira Campos, revisado por Carolina Timm e moderado por Rayane Urani em 14 de março de 2021.