1959 - 2021
Como pediatra, orgulhava-se de estar sempre disponível e de não deixar nenhuma mãe aflita.
Falar sobre Hélio Barros de Andrade é falar de amor, de entrega e de generosidade. Seja em casa, como pai, marido e avô ou no trabalho, como pediatra, deixou lindas lembranças e um belo exemplo a todos que o conheceram.
Dizia com orgulho que assim como Ariano Suassuna, nunca havia saído do Brasil. E foi aqui que viveu com Rosemary, a amada esposa, por trinta e sete anos, e construiu sua família. Juntos tiveram os filhos Luís Boaventura e Hugo Andrade, mas, além deles, Hélio também foi pai para as duas netas do coração, Maria Luiza e Maria Clara, a quem sempre ajudou a criar.
“Painho era superprotetor, prestativo, sempre estava à disposição para se doar aos filhos. Mesmo já adultos, sempre perguntava o que estava faltando e providenciava”, conta Luís, que inspirado por este Memorial Inumeráveis, deu vida a um projeto para homenagear o próprio pai e demais vítimas da Covid-19 em sua cidade natal, Vitória de Santo Antão (PE).
Caseiro, Hélio gostava de ficar rodeado pela família, principalmente pelas netas Sofia, Isadora e Estela, tomando uma cervejinha e curtindo boa música que, para ele, era sinônimo de Elvis Presley, seu ídolo desde a infância. Costumava se lembrar do dia em que viu na TV do restaurante da faculdade a notícia sobre o falecimento do Rei do Rock, em 1977, e da lágrima que escorreu pelo seu rosto.
Seu amor pelas crianças era também sua profissão. Como pediatra, nunca desamparou nenhuma delas e sempre ajudava as mães. Orgulhava-se de não deixar sem resposta nenhuma mensagem recebida pelo aplicativo no celular.
“Você me educou pelo exemplo, faça o que eu faço vale mais do que faça o que eu digo. Que honra é ser teu filho”, declara-se Luís.
Para o filho, a grandeza do trabalho do pai ficou ainda mais evidente pela quantidade de mensagens que ele recebia desde o início da doença. Foram muitas as demonstrações de apreço e gratidão, o que só fez aumentar a admiração por seu painho.
“Conheci outro Hélio pelos olhos dos pacientes e de suas mães. Como me orgulhei! Conheci um novo pai e aprendi muito com isso”, diz.
“Obrigado pelo exemplo. Obrigado por me ensinar até no seu último respiro”, conclui Luís.
Hélio nasceu em Vitória de Santo Antão (PE) e faleceu em Recife (PE), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo filho de Hélio, Luís Boaventura. Este tributo foi apurado por Hélida Matta, editado por Fernanda Queiroz Rivelli, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 26 de março de 2021.