1957 - 2020
Foi um ser admirável e iluminado que colhia felicidade e sorrisos bobos das pessoas amadas.
Homem dedicado, amava a profissão de tecelão, mas tecia a linha mais linda da vida na paz, na leveza, na experiência e no amor.
A ocupação que lhe dava mais prazer era a de tecelão. Iniciou na profissão ao trabalhar em uma grande empresa, na cidade de Brusque, mas certo tempo depois conseguiu abrir o próprio negócio, “pequeno”, mas foi assim, batalhando, que Hélio conseguiu criar e cuidar da família. A empresa era o seu maior orgulho, pois foi construída com seu suor e sua dedicação.
Tinha três filhos e cuidou deles com muito amor e carinho. Mimou seus netos o quanto pôde e deixou um legado de bons exemplos de vida que devem ser seguidos pelos seus descendentes.
Foi um homem de admiráveis qualidades, que tirava do seu prato para dar aos outros. Sem sombra de dúvida, tinha bom coração e boas atitudes. Trazia alegria nos momentos de tristeza e arrancava sorrisos dos rostos tristes e desconsolados.
Os tradicionais almoços de domingo agora não serão os mesmos, pois faltará a pessoa excepcional que abrilhantava esse dia. E a neta, Beatriz, recorda: “As melhores lembranças que estão guardadas em nosso coração são a nossa família reunida em almoços de domingo, com todos rindo das brincadeiras que ele gostava de fazer, e ele todo alegre com os netos. Essa era a nossa maior riqueza, a nossa maior recordação”.
Era um grande apreciador de música e fã de carteirinha do Tonico e Tinoco. “Ele gostava de músicas nesse estilo, tipo músicas de festa de igreja, rsrsrs. Era tão fã que sempre comprava CDs de ‘bandas pequenas’ das festas que ele gostava de frequentar para ficar ouvindo e apreciando com muito prazer”, conta Beatriz.
Torcedor fervoroso do Fluminense, não perdia uma partida do time do coração. A neta rememora, saudosamente: “Quando partiu para a casa celestial, a família procurou buscar algo que nos fizesse lembrar dele vivo, como recordações ainda com a gente, e os jogos do seu time foram uma dessas lembranças que trazem ele vivo à nossa memória”.
A família era a sua paixão, ele se doava pelos filhos e amava estar entre os dele. Sempre foi um homem forte que consolava a todos em momentos de dor e Beatriz recorda carinhosamente que ele dizia: “Chegando a hora de partir para a casa celestial, contanto que tivesse deixado bons filhos para este mundo e que eles tivessem trilhado um bom caminho, iria em paz”. Beatriz ainda acrescenta: “Devido a essa vontade de ver os filhos bem e estruturados, ajudou a minha tia a se formar em Odontologia, minha mãe a abrir uma empresa e o meu tio herdou os teares dele. Amava chamá-lo de ‘bolinha de queijo’ porque era fofinho e gordinho e eu puxei isso dele, de gostar de comer praticamente todas as comidas”. E lembra-se do avô olhando para ela com cara de preocupado, “falando que eu tinha que comer mais, mesmo depois de eu já estar explodindo de tanto ter comido”. Isso era motivo de risos.
A sua fé em São Sebastião era tão grande e sua doação à igreja do santo era tão significativa que Hélio partiu para a pátria celestial no dia 20 de julho, justamente o dia de São Sebastião. Foi homem de fé e caridade admiráveis e deixou um grande legado para a família.
Tinha grandes qualidades: a sua alegria e leveza traziam tranquilidade para todos que tivessem o prazer de compartilhar lindos momentos ao seu lado. Era o brincalhão da casa, gostava de contar piadas e fazia todos rirem delas. “Não há quem tenha convivido com ele que hoje não se lembre de uma das suas piadas”, assegura a neta.
A bondade dele era tão grande que, sem sombra de dúvida, Hélio ficou registrado na memória da neta como um lindo exemplo de caridade. Beatriz rememora que, alguns dias antes de contrair o vírus, o avô declarou: “Prefiro morrer dessa doença, já que fiz muito nesta vida, a ver uma criança partir”.
Era a pessoa que oferecia o ombro em momentos de dificuldade, em dias nublados e difíceis, e a neta completa: “Agora ele se foi, e a pessoa que nesse momento faria a piada ‘quem vai ser o próximo?’ não está mais aqui. A história de quem o conheceu a partir de hoje fica com um grande marco de saudades e as lágrimas agora tocam rostos lembrando de todo o amor que aqui ficou”.
Beatriz faz uma última homenagem ao tão amado avô: “Tenho muito orgulho dele. Sempre o achei uma pessoa boa, maravilhosa, que só fazia o bem. Meu avô e minha avó sempre ajudaram em uma igrejinha próxima da nossa casa, a Igreja de São Sebastião – muita coisa que existe na igreja hoje foi graças a deles, que sempre auxiliavam em eventos de caridade, como no Natal e no dia das crianças. Saíam pelas casas distribuindo presentes, balas... Isso me deixa orgulhosa. Aquela igreja virou uma lembrança dele em meu coração e será um símbolo de sua existência aqui na Terra”.
Hélio gostaria de ser lembrado pelo seu maior dom: a caridade.
Hélio nasceu em Brusque (SC) e faleceu em Brusque (SC), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Hélio, Beatriz Graf. Este tributo foi apurado por Viviane França e Hélida Matta, editado por Thalita Ferreira Campos, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 23 de dezembro de 2020.