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Humberto Campero Frias

1941 - 2020

Boliviano de nascença e brasileiro de coração. Apaixonado pelo futebol, pelo mar e pelos filhos.

Humberto nasceu em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e escolheu o Brasil para viver.

Quando jovem, mudou-se para as terras brasileiras, deixando o seu país de origem e todos os seus parentes. Na expectativa de ter uma vida diferente, dizia que queria ser um doutor. Para tanto, ingressou no curso de Odontologia, na Universidade Federal Fluminense (UFF). Na busca pelo seu objetivo, morou na Casa Estudantil da universidade. Estudava à luz da lamparina e vendia pipocas para prover o seu sustento. Passou por muitas dificuldades, mas conseguiu se formar e exercer a profissão sonhada.

Humberto casou-se duas vezes e teve cinco filhos, três do primeiro e dois do segundo casamento. Ele adorava ver todos juntos, uma só família. Geralmente num churrasco, onde não podia faltar o aipim, as músicas e as suas danças engraçadas. "Sempre achei estranho, mas ele amava aipim no churrasco", conta a filha Karla.

Era um homem que conservava grandes paixões. Pelo Vasco, seu time do coração. Pela Seleção Brasileira, dona da sua torcida até mesmo nos jogos entre Brasil e Bolívia. Pelos mergulhos e pelo mar... Ele amava tanto o mar que acreditava que morreria em suas águas salgadas. Um amor oceânico e um fôlego apaixonado faziam Humberto mergulhar sem nenhum equipamento de respiração. No peito mesmo.

Por vezes, Humberto era "explosivo", mas se arrependia sempre que cometia algum excesso. Era afetuoso e, de um jeito único, chamava as pessoas de "coisa linda" e "fofura". Tão única era a forma pela qual apelidava a quem ele gostava, que aqueles que o conheceram sabem do seu hábito de chamá-los de "cara de cachorro". Ah, todos riam do apelido para lá de curioso, guardando na memória o seu significado de carinho.

"Seu corpo físico nos deixou, mas a saudade para sempre manterá sua memória viva em nossos corações. Sentiremos sua falta, seu cara de cachorro", dedica a sua grande família, com amor.

Humberto nasceu em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) e faleceu em Niterói (RJ), aos 78 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Humberto, Karla Maria de Souza Campero Nimrichter. Este tributo foi apurado por Samara Lopes, editado por Luciana Fonseca, revisado por Lícia Zanol e moderado por Rayane Urani em 2 de agosto de 2020.