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Ilson Figueiredo

1937 - 2020

Descendente de indígenas, contribuiu com a construção de Brasília; lá, aposentou-se como servidor do Senado Federal.

Pelas palavras da neta Ana Clara, Ilson foi um homem maravilhoso, pai, avô e bisavô excepcional, um exemplo de ser humano. “Só tenho memórias dele sorrindo, rindo, alegre e sempre presente”, recorda.

Com ascendência indígena, Ilson foi um dos brasileiros que contribuiu para a construção de Brasília. Na Capital Federal desenvolveria a carreira profissional e construiria a família ao lado de Lenira Arana. Foi servidor público do Senado Federal, onde se aposentou.

O início da vida foi em Mato Grosso, onde conheceu Lenira. O casal passou a maior parte da união em Brasília. Ilson e Lenira geraram sete filhos – cinco mulheres e dois homens. Depois, viriam 16 netos e nove bisnetos.

Ele amava leite condensado, andava devagar e gostava muito de fazer gracinhas, sempre sorrindo; também gostava muito de uma camisa amarela, que usava com frequência. Quando estava preocupado com alguma coisa, passava a mão nos cabelinhos brancos e bem finos, na parte de trás da careca.

Gostava de assistir lutas de MMA, e era muito religioso; amava ler, e estudava com as netas; sempre pesquisava sobre remédios caseiros e medicina natural.

Com todo afeto da convivência, Ana Clara comenta uma característica do vô, o cheiro: “Ele amava uma bala de menta forte, a de rótulo preto, e o cheiro dele era único: um cheiro de perfume com o cheiro da balinha”, e destaca que sempre terá na memória a casa dos avós cheia, onde a família celebrava e fazia festas.

“Sentimos muito a sua falta. Sinto falta do seu cheiro, da sua comida, das suas histórias, da sua voz. Às vezes eu e minha irmã sonhamos com ele. Mato um pouco da minha saudade através dos sonhos e de alguns vídeos”, resume a neta.

Ilson nasceu em Corumbá (MT) e faleceu em Brasília (DF), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Ilson, Ana Clara Miana. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Patrícia Coelho, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 23 de dezembro de 2022.