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Irineo Schirmer

1937 - 2020

Teve a capacidade de se reinventar várias vezes, inclusive após sua aposentadoria.

Esta é uma carta que Sílvia Denise Soares escreveu para seu pai, Irineo:

Irineu com certeza gostaria de ser lembrado pela sua inteligência, orgulhava-se ao lembrar das notas que tirava nos vários cursos que realizou ao longo da vida. Inteligência que só não era maior que seu coração, pois sempre foi um homem bom, extremamente correto, honesto e que amou profundamente a família e o trabalho.

Irineu não parava, estava sempre atrás do que fazer, fazia muitas coisas e teve várias atividades durante a vida. Na adolescência, foi mecânico; na juventude, entrou para o quartel e foi militar por vinte e dois anos, mas sua natureza inquieta ─ que queria sempre aprender ─, o fez voltar aos bancos da escola depois de casado. Só parou ao se formar em Psicologia. E foi como psicólogo que se aposentou, mas não parou, continuou trabalhando e se desafiando a fazer sempre o novo, quer seja na cozinha, fazendo receitas fora do convencional, pois adorava cozinhar; ou na sua pequena oficina de marceneiro, na qual se entretinha confeccionando peças de madeira. O desafio também era como pintor, pintor de parede que com 80 anos ainda pintava sua casa, pintor de telas, que até hoje alegram as paredes da antiga morada.

Irineu viveu suas escolhas até o fim de sua estrada, escolheu sempre o caminho do bem, do justo e da liberdade.

Meu pai querido, te amo pra sempre e tu pra sempre vai morar no meu coração e no daqueles que te amam e que, assim como, sentem-se felizes por terem convivido contigo.

Irineo nasceu em Taquara (RS) e faleceu em Esteio (RS), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Irineo, Sílvia Denise Schirmer Soares. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 28 de dezembro de 2020.