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Isabel Aparecida Mussarelli Orzari

1956 - 2020

Em reconhecimento ao bem que ela lançou no mundo, um projeto social foi batizado com o seu nome.

Bel, como era carinhosamente chamada, era uma pessoa bondosa, simples, humilde, brincalhona, cuidadosa, zelosa, dedicada e devotada à família. Preocupava-se com todos, socorria quem precisasse de ajuda, doava-se com bravura e honestidade. Muito católica, tornou-se eterna para todos da comunidade, recebendo elogios e reconhecimento, como um Honra ao Mérito do município de Araras. Fazia o bem sem olhar para quem.

Não dispensava momentos alegres e prazerosos na praia, para tomar seu banho de sol. Era um dos lugares preferidos para as férias, além da cidade paulista de Aparecida e "das" Minas Gerais. Gostava de todos os tipos de comida e sua música favorita era "Maria passa à Frente", de Padre Marcelo Rossi e Gustavo Lima. Era vaidosa, ia ao salão de beleza cuidar dos cabelos e estava sempre de unhas feitas. Preocupava-se com a própria saúde e com a dos que amava; quando mais nova, em um ato de bravura e nobreza, doou um rim para uma irmã que dele necessitava.

Foi casada com seu Luiz Natal, com quem viveu cinquenta anos de muita cumplicidade e amor incondicional. Constituiu família em prol dos filhos, Sílvio e Rafael, além de dedicar-se aos afilhados, netos e amigos próximos. Era conhecida pelas brincadeiras e pelo intenso amor que nutria pelos netos, aos quais devotava momentos de alegria e prazer. Em casa, sua marca registrada era o "selinho": o beijo diário de carinho, dado na boca do marido e também dos filhos.

Sílvio, que ela carinhosamente chamava de "John", relata: "Minha mãe tinha um coração enorme, tinha muito carinho e amor pelas pessoas e se doava de corpo e alma a quem precisasse. Era uma mãe e uma avó, que fazia de tudo e por todos, sem medir esforços. Sempre prestativa, amorosa, era a melhor mãe do mundo. A saudade é imensa, mas tenho certeza de que ela está junto do nosso Pai".

A afilhada, Caroline Braga, também destaca: "Falar da Isabel me traz muitas recordações. O meu primeiro banho foi ela quem deu. Ficava comigo a tarde inteira para os meus pais trabalharem. Uma pessoa muito presente em minha vida. Na última vez que nos vimos, ela falou sobre os cuidados de prevenção e do medo de pegar a Covid-19. Como é a vida, não é mesmo? Hoje eu estou aqui falando sobre ela, pois é uma das vítimas. Agora o que me resta são apenas as lembranças. Saudades eternas da minha madrinha".

A simplicidade de Bel e o amor ao próximo eram contagiantes. Sempre cuidando de todos, muito emotiva e carinhosa. "Para nós, ela é imortal; cuidou da nossa pequena nos primeiros passos de vida", diz o amigo e afilhado de casamento Luiz Carlos.

Isabel tinha uma empresa de comunicação visual onde trabalhava com o marido e os filhos. Era pioneira na região. Cuidava da empresa e dos funcionários como filhos, e era amiga de todos; podia se zangar, ficar brava, e ao mesmo tempo estampar um sorriso único no rosto, que mudava o dia de qualquer um.

Não só seu círculo mais chegado — os amigos próximos e a família —, mas toda a cidade ficou consternada com a sua partida. Em reconhecimento pelo ser humano iluminado e exemplo de pessoa, a família recebeu uma moção de pesar pelo seu falecimento. Um dos trechos da homenagem é este:

"Sua ausência deixa desolados seus familiares, amigos e conhecidos, pois foi o reflexo da família, deixando-nos o modelo de vida a seguir e um exemplo a imitar como cidadã de bem e mulher de fé. Sua morte enluta não somente seus familiares e amigos, mas toda a sociedade que lamenta a perda de uma pessoa exemplar na honestidade, no caráter e na honra."

Um projeto social de catadores de material reciclável da cidade hoje leva seu nome, em reconhecimento à família, que doou alguns carrinhos para os catadores. E em sua honra, o céu se encheu de balões brancos na sua missa de 7º dia.

Isabel nasceu em Araras (SP) e faleceu em Araras (SP), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo amigo da família de Isabel, Luiz Carlos Braga. Este tributo foi apurado por Daniel Ventura Damaceno, editado por Karina Zeferino, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 31 de agosto de 2021.