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Itamar Falcão Bezerra

1965 - 2020

Exerceu importante papel social na Odontologia, cuidando daqueles que não tinham recursos.

Tinha muito orgulho de pertencer à família Falcão. Solteiro e sem filhos, Itamar tinha uma relação muito intensa com seus familiares, fazendo-se presente na vida de cada um, tanto nos bons como nos maus momentos. Se alguém estivesse doente ele era o primeiro a chegar para visitar.

Sua abnegação e dedicação aos pais eram notáveis. Cuidou do pai até a sua morte, aos 101 anos, ocorrida apenas nove meses após a morte de sua mãe, colocando fim a uma união de mais de sessenta anos. Cuidador por natureza, também era ele quem cuidava de um irmão que vivia com uma deficiência física.

Na Odontologia, ele era considerado um profissional humano e dedicado. Especializado em odontopediatria, realizava seu trabalho em uma Unidade de Saúde da Família no interior da Paraíba e também na UTI do Hospital de Trauma. Quando faleceu, essa paixão pela profissão foi eternizada pela iniciativa da sobrinha, Rose, que colocou sobre seu corpo o seu carimbo e o jaleco que ele usava, símbolos de suas atividades.

Dr. Itamar estava sempre disposto a ajudar os menos favorecidos e, em tudo que envolvesse ação social ou necessitasse da presença de um dentista, ele gostava de participar. Era assim também na igreja evangélica que frequentava e, nela, suas últimas ações foram a colaboração nas campanhas Faça Valer o Amor de Jesus Pelas Pessoas e a do Natal Sem Fome, que consistiam em arrecadar alimentos nos supermercados para montar cestas básicas e distribuí-las para os mais carentes. Seu desejo de ajudar era tão grande, que, para alegrar as festas das crianças, vestia a roupa de palhaço que mantinha para essas ocasiões.

Ele possuía muitos amigos. Nas horas livres, gostava de viajar com eles e de ir à praia para ver o mar que tanto amava. Frequentemente ia para Caribessa, porque gostava de suas águas bem mornas e tranquilas, e porque era essa a praia que a maioria dos seus amigos da Igreja frequentava. Todos os anos fazia uma viagem de férias e, assim, chegou a conhecer a Argentina e o Rio Grande do Sul. Amava planejar suas viagens, mesmo que fossem para perto.

“Ele era um irmão para mim, era muito mais que um tio, eu era apaixonada por ele", conta Rose, emocionada. "A gente sempre partilhou tudo. Quando eu terminei o ensino fundamental, fui estudar em uma escola particular muito grande e o que eu mais me recordo era o cuidado que ele tinha comigo nessa época. Estudei com ele desde a infância até o vestibular. Eu fiz para Enfermagem e ele para Odontologia, e foi só nesse momento que a gente se separou. Sempre estava do meu lado, me protegendo e cuidando de mim em todos os momentos. Era meu protetor... “

E ela continua: “Um momento importante que compartilhamos foi o meu aniversário de 50 anos. Foi na época das festas juninas e então fizemos uma quadrilha. Depois do meu aniversário ele brincou muito, dançou muito e se divertiu muito. Prepararam homenagens para mim e ele foi uma das pessoas que me homenageou".

Sua partida ressaltou o quanto a sua e presença era importante para toda a família, que agora segue em frente, tentando se acostumar com a falta que ele faz em suas vidas.

Itamar nasceu em João Pessoa (PB) e faleceu em João Pessoa (PB), aos 55 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha de Itamar, Rose Bezerra. Este tributo foi apurado por Rafaela Teodoro Alves, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 30 de novembro de 2021.