1930 - 2020
A uruguaia mais brasileira que alguém já conheceu.
"Minha mãe era a uruguaia mais brasileira que alguém já conheceu" revela seu filho, Ricardo Pinheiro. Ivonne Hunter Silva carregava em seu último sobrenome o traço mais brasileiro possível. Afinal, por aqui, os Silvas não são poucos.
Chegou ao Brasil nos anos 50 e, desde então, nunca mais quis saber de viver em outro lugar. Assumiu para si a brasilidade que lhe pertencia, com direito a samba no pé e tudo que tivesse direito.
Falando em samba, era Salgueirense de corpo e alma. Desfilava e frequentava a quadra, os ensaios e rodas de samba como rotina. Seu sonho mesmo era sair na ala das baianas. "Já pensou? Seria a primeira gringa nessa ala tão brasileira", imagina seu filho.
Aos 90 anos, "Mamma Ivonne" esbanjava tanta saúde e alegria que conseguia dizer por aí ter somente 65. Talvez, o segredo do seu sucesso, fosse sua verdade e autenticidade, ou a forma como "carnavalizou a vida, que é feita pra sambar", já diria o samba-enredo de sua amada escola.
Fã de uma boa festa, era capaz de dizer aos seus o que lhe vinha na mente, sem filtros ou mentiras. "Se não gostou de ouvir, vou entender; mas não vou deixar de falar", dizia ela. Hoje o Céu recebe a luz irradiante da estrela Ivonne, que certamente chegou trazendo o tom e a alma dessa festa que é viver.
Ivonne nasceu em Tacuarembó (Uruguai) e faleceu em Maceió (AL), aos 90 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo filho de Ivonne, Hamilton Silva Junior. Este tributo foi apurado por Ricardo Pinheiro, editado por Gabriela Monteiro, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 26 de junho de 2020.