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Jailson da Silva Batista

1979 - 2021

Devoto de Padre Cícero, todos podiam contar com sua fé; mobilizava correntes de orações para milhares de pessoas.

De jeito generoso e prestativo, Jailson tinha a bondade como uma de suas principais qualidades. Todos o amavam e admiravam. “Desconheço uma pessoa que o descreva sem ternura e admiração”, afirma a esposa Erica. Jal para a família e Boca para os amigos, tinha na música um de seus talentos: o de forrozeiro nato, fã de Alcymar Monteiro, grande interprete do forró nordestino.

Nascido em Maceió, ele foi criado pela mãe, Ismênia, ao lado da irmã Elba e cercado pelas primas Maria Elma e Danielle, que também considerava como irmãs. De origem humilde, sua infância foi marcada por muita escassez e dificuldades financeiras, assim como pela solidariedade e responsabilidade. A esposa conta que a “irmã mais velha ajudou na criação de Jal, quando a mãe tinha que trabalhar; e ele quando cresceu ajudou a criar a prima mais nova e assim foi, sucessivamente”.

Na pré-adolescência o caminho dele cruzou o de Ferreira Júnior, figura conhecida na cidade e que se tornou seu pai verdadeiro. “Este senhor foi um pai em todos os sentidos para Jal; cercou-o, assim como outras crianças, de carinho e cuidado” diz Erica. Com duas famílias, a da mãe biológica e a do pai adotivo, ele ganhou mais irmãs; as filhas de Ferreira Júnior. Chegou a morar um tempo com a família do pai para ter melhores condições de vida. Ferreira Júnior era considerado pai pelo carinho e pela assistência dispensada e explica que “era uma adoção diferenciada”.

Foi ele quem batizou Jailson como Boca, nome de um personagem de novela. Muitos nem sabiam o seu nome, só o chamavam pelo apelido. Torcedor do Flamengo e do CSA (time da região), tinha um círculo de amizade muito grande. Trabalhou na Área da Comunicação e Política, conhecia pessoas em todo o estado. Recorda que “quando ele adoeceu, descobri o quanto ele era querido”.

Sempre determinado, solidário e articulado, Jal começou a trabalhar na rádio ao lado do pai biológico. Embora tivessem pouco contato, trabalharam por muito tempo juntos. Quando o pai faleceu, foi trabalhar na Prefeitura de Pindoba, onde contou com o apoio do Prefeito Maxwell. Erica comenta que o marido “criou uma amizade muito grande com esse prefeito” que ia além da relação profissional. Foi seu padrinho de casamento e era uma referência de amizade e companheirismo.

Da mesma forma, a relação de Erica e Jailson foi transformada pelo tempo. Quando se conheceram, tinham apenas um contato profissional, sendo que ela trabalhava atendendo ao público em geral e também os assessores das prefeituras. Começaram uma amizade logo que ele terminou seu relacionamento com outra pessoa. Da amizade surgiu a paquera e a relação evoluiu tão rápido que, em Abril de 2011, começaram a namorar. Em Dezembro do mesmo ano já estavam planejando o casamento que aconteceu em Maio do ano seguinte. Em 2015, essa união já dava fruto, o filho Heitor; “foi muito rápido, enfim, éramos feitos um para o outro”, ressalta ela.

Conhecedor das dificuldades da vida, o paizão Jailson lutava para proporcionar uma vida melhor para o filho. Entre as diversões estavam as viagens em família. “A gente gostava muito disso, de viagens, acho que era o que nos motivava; Jal trabalhava para poder viajar, as viagens foram ficando maiores a cada ano, até para fora do país chegamos a ir”, relembra.

Aproveitou todas as oportunidades que a vida lhe ofereceu. Muitas pessoas o ajudaram nesse caminho e em troca, ele foi generoso. Conseguiu transformar a realidade de muitas pessoas. Erica comenta que ainda recebe mensagens dizendo: “Seu esposo mudou a minha vida, foi muito especial para mim”. Orgulhosa, ela diz que Jal lutava pelo que acreditava que era certo.

Partiu jovem, aos 42 anos e deixou um legado de amor que será eternizado. Era um homem de muita fé e devoto de Padre Cícero, alguém com quem se podia contar. Pessoas conhecidas e tantas outras anônimas rezaram por ele. “Mas Deus quis esta pessoa boa para perto de si. Agora são essas lembranças incessantemente recheadas de amor que irão nos confortar, porque ele foi e será nosso presente de Deus”, encerra emocionada a esposa Erica.

Jailson nasceu em Maceió (AL) e faleceu em Maceió (AL), aos 42 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de Jailson, Erica dos Santos Gonçalves Batista. Este tributo foi apurado por Daniel Ventura Damaceno, editado por Rosimeire Seixas, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Ana Macarini em 14 de fevereiro de 2022.